A história do álcool confunde-se com a história do próprio homem. Desconhece-se o momento em que se materializou este encontro de uma forma consciente e hedonística. Cedo, descobriu as virtudes e o prazer veiculados sob diferentes formas de bebida.
Praticamente, nenhuma civilização, povo ou tribo deixou de produzir e desenvolver as suas variantes de bebidas alcoólicas, mesmo os que hoje as proíbem.
Desde cedo, foi possível verificar que o uso excessivo se acompanhava de graves problemas de saúde.
No livro “Arte de Conservar a Saúde dos Príncipes e das Pessoas de Primeira Qualidade como também das nossas Religiosas”, publicado por Ramazzini no início do século XVIII, é visível a preocupação em termos de prevenção e de moderação devido aos efeitos do álcool. Além de interessantes referências a autores da antiguidade, este brilhante médico de Modena afirma a certo passo: “Porém não há cousa, que tão clara, ou ocultamente seja mais contrária à saúde dos Príncipes, ou outros grandes, como é o uso do vinho imoderadamente; e o que mais é, que não só padece a sua saúde, senão a sua reputação, e glória.
É certo que o vinho em pequena quantidade, e com moderação, fortifica o corpo; mas da mesma sorte é certamente sem ela muito nocivo e prejudicial”.
Palavras que actualmente poderão ser subscritas por qualquer um, agora alargadas, não só aos príncipes e às pessoas de primeira qualidade, mas a qualquer cidadão. Palavras cheias de modernidade. O que nos distingue e separa, nestes três séculos, são os conhecimentos de natureza fisiológica, patológica e metabólica, entretanto desenvolvidos.
A massificação do consumo de bebidas alcoólicas varia de povo para povo, e cada um tem o seu próprio perfil. Os portugueses são considerados como um dos principais povos consumidores de álcool, a nível mundial. Facto que não nos orgulha, além de constituir fonte de doença, de morte, de violência, de conflitos laborais e de pobreza nacional, a todos os níveis. Curiosamente, nem sempre fomos assim. A análise dos relatos de viajantes estrangeiros no século XVIII, revela facetas pouco agradáveis dos nossos antepassados, mas, no que toca ao consumo do álcool, são positivos. Os relatos apontam para a seguinte conclusão: “Na Europa do século XVII e meados do século XVIII, não há povo que menos se entregue ao vício indesculpável da bebida”. Saussure chega a afirmar que “em geral o português é sóbrio, quer na bebida quer na comida. Um inglês, à sua conta, come mais carne de açougue e bebe mais vinho que quatro ou cinco portugueses juntos…”
Algo se passou, entretanto. A partir dos finais do século XVIII observou-se uma viragem completa dos nossos hábitos: influência estrangeira, novos interesses económicos emergentes, condições sociais desfavoráveis, mal-estar colectivo, são alguns factores que, facilmente, promovem a união entre o homem e a bebida.
As causas subjacentes aos excessos do consumo de álcool são variadas e bem conhecidas. No entanto, na prática não se tem observado mudanças significativas, facto que nos deve preocupar.
A notícia segundo a qual o álcool é responsável por 36% das mortes ocorridas nas nossas estradas não abona nada a nosso favor. A informação e a formação são necessárias mas não são suficientes. Medidas de carácter legislativo, mais “apertadas”, são imperiosas.
Só é preciso coragem....
Praticamente, nenhuma civilização, povo ou tribo deixou de produzir e desenvolver as suas variantes de bebidas alcoólicas, mesmo os que hoje as proíbem.
Desde cedo, foi possível verificar que o uso excessivo se acompanhava de graves problemas de saúde.
No livro “Arte de Conservar a Saúde dos Príncipes e das Pessoas de Primeira Qualidade como também das nossas Religiosas”, publicado por Ramazzini no início do século XVIII, é visível a preocupação em termos de prevenção e de moderação devido aos efeitos do álcool. Além de interessantes referências a autores da antiguidade, este brilhante médico de Modena afirma a certo passo: “Porém não há cousa, que tão clara, ou ocultamente seja mais contrária à saúde dos Príncipes, ou outros grandes, como é o uso do vinho imoderadamente; e o que mais é, que não só padece a sua saúde, senão a sua reputação, e glória.
É certo que o vinho em pequena quantidade, e com moderação, fortifica o corpo; mas da mesma sorte é certamente sem ela muito nocivo e prejudicial”.
Palavras que actualmente poderão ser subscritas por qualquer um, agora alargadas, não só aos príncipes e às pessoas de primeira qualidade, mas a qualquer cidadão. Palavras cheias de modernidade. O que nos distingue e separa, nestes três séculos, são os conhecimentos de natureza fisiológica, patológica e metabólica, entretanto desenvolvidos.
A massificação do consumo de bebidas alcoólicas varia de povo para povo, e cada um tem o seu próprio perfil. Os portugueses são considerados como um dos principais povos consumidores de álcool, a nível mundial. Facto que não nos orgulha, além de constituir fonte de doença, de morte, de violência, de conflitos laborais e de pobreza nacional, a todos os níveis. Curiosamente, nem sempre fomos assim. A análise dos relatos de viajantes estrangeiros no século XVIII, revela facetas pouco agradáveis dos nossos antepassados, mas, no que toca ao consumo do álcool, são positivos. Os relatos apontam para a seguinte conclusão: “Na Europa do século XVII e meados do século XVIII, não há povo que menos se entregue ao vício indesculpável da bebida”. Saussure chega a afirmar que “em geral o português é sóbrio, quer na bebida quer na comida. Um inglês, à sua conta, come mais carne de açougue e bebe mais vinho que quatro ou cinco portugueses juntos…”
Algo se passou, entretanto. A partir dos finais do século XVIII observou-se uma viragem completa dos nossos hábitos: influência estrangeira, novos interesses económicos emergentes, condições sociais desfavoráveis, mal-estar colectivo, são alguns factores que, facilmente, promovem a união entre o homem e a bebida.
As causas subjacentes aos excessos do consumo de álcool são variadas e bem conhecidas. No entanto, na prática não se tem observado mudanças significativas, facto que nos deve preocupar.
A notícia segundo a qual o álcool é responsável por 36% das mortes ocorridas nas nossas estradas não abona nada a nosso favor. A informação e a formação são necessárias mas não são suficientes. Medidas de carácter legislativo, mais “apertadas”, são imperiosas.
Só é preciso coragem....
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