O Congresso da UMP consagrou hoje Sarkozy como candidato do Partido e da "Direita" a Presidente da República.
Chirac, Presidente da República e Sarkozy, Presidente da UMF, odeiam-se e são, de há muito, inimigos políticos. Por isso, Chirac nunca nomeou Sarkozy para 1º Ministro, mas sem Sarkozy nunca poderia haver um governo de “direita”. Chirac encontrou uma solução de compromisso, designando sempre um político da sua confiança para 1º Ministro, actualmente Villepin, e dando a Sarkozy uma pasta importante, actualmente a de Ministro do Interior. Uma “habilidosa” mas primária solução, inoperante a nível governamental e cheia de contradições.
A primeira reside logo na dificuldade de governar e na impossibilidade de governar bem, pelo facto de o 1º Ministro estar sujeito a dois tipos de “confiança” política: a do Presidente, institucional, mas também a do seu próprio Ministro do Interior, dado que este, através do Partido, pode inviabilizar qualquer medida do Governo. Villepin é pois superior, mas simultaneamente subordinado de Sarkozy, situação que tem gerado inoperâncias governamentais sucessivas.
A agravar a situação, tem coexistido um sério conflito de ordem pessoal, entre Villepin e Sarkozy. O 1º Ministro vem sendo acusado de ter sido interveniente na campanha de falsas acusações de corrupção contra vários empresários e políticos, incluindo Sarkozy. Ainda há dias Villepin foi interrogado durante muitas horas sobre o sucedido. Não consta que Sarkozy venha ilibando o seu superior. O admirável é como ambos são capazes de fazer parte do mesmo Governo!...
Mas, para além destes conflitos bipartidos, vem existindo um outro, tripartido, entre Chirac, Villepen e Sarkozy pelo facto de todos virem evidenciando pretensões a candidatos a Presidente da República. Como tal, cada um vem tendo a sua própria estratégia de actuação, servindo-se do governo e do poder não para potenciar a acção governativa, mas para aumentar as chances pessoais na corrida para o Palácio do Eliseu.
A primeira reside logo na dificuldade de governar e na impossibilidade de governar bem, pelo facto de o 1º Ministro estar sujeito a dois tipos de “confiança” política: a do Presidente, institucional, mas também a do seu próprio Ministro do Interior, dado que este, através do Partido, pode inviabilizar qualquer medida do Governo. Villepin é pois superior, mas simultaneamente subordinado de Sarkozy, situação que tem gerado inoperâncias governamentais sucessivas.
A agravar a situação, tem coexistido um sério conflito de ordem pessoal, entre Villepin e Sarkozy. O 1º Ministro vem sendo acusado de ter sido interveniente na campanha de falsas acusações de corrupção contra vários empresários e políticos, incluindo Sarkozy. Ainda há dias Villepin foi interrogado durante muitas horas sobre o sucedido. Não consta que Sarkozy venha ilibando o seu superior. O admirável é como ambos são capazes de fazer parte do mesmo Governo!...
Mas, para além destes conflitos bipartidos, vem existindo um outro, tripartido, entre Chirac, Villepen e Sarkozy pelo facto de todos virem evidenciando pretensões a candidatos a Presidente da República. Como tal, cada um vem tendo a sua própria estratégia de actuação, servindo-se do governo e do poder não para potenciar a acção governativa, mas para aumentar as chances pessoais na corrida para o Palácio do Eliseu.
Acresce que a Ministra da Defesa, Michèlle Alliot-Marie também vem “afirmando” a sua candidatura, vindo obviamente a aproveitar o Governo para os seus objectivos pessoais.
Espantoso é que uma situação destas dure desde há anos, só possível com o "patrocínio" do Presidente da República, refém das suas alianças e "amizades"!...
Em Portugal queixamo-nos, e com razão, dos nossos políticos. Mas não creio que alguma vez tenhamos chegado a uma situação política tão caricata e tão apodrecida como a que se vem vivendo em França.
Com reflexos na vida dos franceses e na economia. Segundo notícias recentes, o crescimento francês é o segundo mais baixo da União Europeia, logo a seguir a Portugal. Nas circunstâncias descritas, só admiraria o contrário!...
Com reflexos na vida dos franceses e na economia. Segundo notícias recentes, o crescimento francês é o segundo mais baixo da União Europeia, logo a seguir a Portugal. Nas circunstâncias descritas, só admiraria o contrário!...
9 comentários:
Ideias como aquelas que um pilha-galinhas como o Sarkozy divulga seriam impossíveis em Portugal. Não só não teríamos situações tão podres como pessoas tão podres não poderiam ser políticos cá.
O crescimento francês só não é o mais baixo da união devido às marteladas contabilísticas. Se nós temos um crescimento bem acima do que as contas revelam, eles martelam desavergonhadamente a despesa pública e empolam o PIB.
Em resumo, um Sarkozy aqui seria impossível. Porque não somos franceses.
Caro Pinho Cardão:
Não quero ser politicamente incorrecto e, alem disso, nomear pessoas que, pessoalmente, estimo e respeito. Mas entre nós já tivemos igual, parecido e pior. Apelo apenas a um esforço de memoria a tempos em que PR, 1º ministro,e aparelho do partido que em teoria apoiava o governo,se degladiavam, originando desistencias, tabus e tempos de indefiniçõ alargados; presidentes que, em exercicio e em simultaneo, preparavam o seu futuro, gerindo tempos e factos para criarem o seu proprio partido; as forças de bloqueio que giravam entre governos, tribunais constitucionais, de contas ou outros; presidentes e presidencias abertas, que era suposto nao serem oposiçao mas o eram mais que a dita; para nao falar dos conselhos de revoluçao e afins, em que os comités e os conselhos partidarios mandavam mais que o proprio governo...! Concluindo"... não creio que alguma vez tenhamos chegado a uma situação política tão caricata e tão apodrecida como a que se vem vivendo em França", diz o meu caro amigo. Olhe que sim, olhe que sim! E a todos os niveis.
Talvez, caro RuiVasco, pois a memória é curta e eu sou um optimista a respeito de Portugal!...
Camarada Vasco,
Nunca se chegou ao ponto de um presidente não nomear um primeiro ministro por ele ser um porco nazi que, ainda por cima, é do seu próprio partido.
Não admira por tudo isto que o Pinho Cardão muito bem assinala, que capitalize apoios quem aparece com um discurso desalinhado com o que tem sido o padrão de condutas à esquerda e à direita no passado mais ou menos recente, em França.
Pode ser isso que explica a popularidade de Ségolène Royal,até há uns tempos atrás considerada uma outsider merecedora da desconfiança de alguns sector do PSF. Mas que se impôs precisamente porque tem sabido mudar de agenda.
Caro Tonibler:
Já tivemos pior...é só pensar e recordar! E por aqui me fico. Por pudor!
Já agora isto não difere da conclusão do JMFA..pois a questão que levanto é outra...a de que nunca tivemos nada parecido! Acho que já tivemos pior!
Quanto ao resto de acordo com todos vós...PCardão, Tonibler e JMFA!
O Le Pen não apareceu nem cresceu de situações muito diferentes! Se o foram na forma não o foram no conteudo! É bom não esquecermos.
Caro Ferreira de Almeida:
Como diz, à esquerda as coisas não estão melhor. Os candidatos que se perfilavam e os que desistiram eram os mesmos de há muitos anos a esta parte, o que demonstra que não há renovação alguma. A excepção relativa foi Ségolène...e ganhou!...
Aliás, as caras da direita e da esquerda que aparecem na televisão francesa são sempre as mesmas!...
Isto só vai lá, mesmo, é com uma 5Republica! o SISTEMA OU, O REGIME, PARA NÃO CONFUNDIREM COM O FUTEBOL, ESTÁ ESGOTADO!
Viva a 5Republica!
:, buaaaahhhhh!
Fica-se com a sensação de que cá tambem temos disso, mas de forma mais...paroquial, digamos que lá há odios e disputas, cá apenas guerras de alecrim e mangerona...
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