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quinta-feira, 4 de maio de 2006

Gravidez ultra serôdia!


Já não é a primeira vez que uma mulher engravida após a menopausa. Desta feita, uma britânica, de 63 anos, está prenhe graças às técnicas de fertilização in vitro utilizando óvulos de dadora e espermatozóides do marido. O médico responsável foi o polémico italiano Severino Antinori.
Um perfeito disparate que, no caso vertente, ainda apresenta outra particularidade. A senhora é médica e, ainda por cima, psiquiatra infantil!
Além dos riscos inerentes para a senhora, a criança tem uma grande probabilidade de vir a sofrer no seu desenvolvimento e até ser privado da mãe, por motivos óbvios. Claro que há sempre alguém que poderá invocar o facto de muitas crianças terem perdido as suas jovens mães e, mesmo assim, não deixaram de se criar.
A fertilização in vitro deve ser considerada como uma forma de ultrapassar determinados problemas, permitindo a concretização do sonho da maternidade e paternidade, e não como um capricho. Neste caso a senhora é mãe de dois filhos.
A necessidade de legislação específica é fundamental para por cobro a estas situações de mães ultra serôdias. De qualquer modo, haverá sempre países em que será possível realizar caprichos deste cariz e, atendendo ao envelhecimento da população, não vai faltar procura, pondo em causa o velho provérbio: “homem velho e mulher nova filhos até à cova”.

4 comentários:

Tonibler disse...

Desculpe lá, mas na fotografia está a explicação. O tipo tem uma enorme cara de parvo!

Massano Cardoso disse...

A fisiologia feminina apresenta particularidades interessantes, sobretudo, na área da reprodução. Garante máximo da perpetuação da espécie, a mulher transporta um número fixo de “óvulos” que são “produzidos” durante a fase de vida intra-uterina. No momento do nascimento transportam todos os “potenciais” óvulos. Há aqui um determinismo interessante. Nos homens, a produção de espermatozóides faz-se de um modo contínuo a partir da adolescência, e nunca mais pára, a um ritmo médio de 1.000 espermatozóides por minuto até ao fim da vida! As mulheres vão libertando os seus óvulos até ao momento de se esgotarem, período da menopausa. Daqui se pode inferir o velho provérbio “ homem velho, mulher nova, filhos até à cova”.
Poder-se-ia discutir as razões subjacentes ao facto de, nas mulheres, não ocorrer um fenómeno semelhante ao observado nos homens. Obviamente que tem de haver vantagens selectivas. O papel desempenhado pelo óvulo é tão importante como o espermatozóide para a produção do novo ser. Acontece que o desenvolvimento do novo ser depende das características do óvulo. Só assim se explica esta discrepância na produção dos dois tipos de gâmetas.
As modificações operadas após a menopausa são intensas e rápidas, como é fácil de verificar.
Para que as mulheres, após a menopausa, possam engravidar, necessitam de tratamentos hormonais que a “façam” regressar ao estadio pré menopausa. Depois, é preciso, pelo menos de momento, que uma mulher forneça um óvulo. A seguir é fácil de compreender todos os mecanismos.
A fertilização in vitro só deve ser utilizada para tratar casos de esterilidade ou situações de elevado risco de doenças infecciosas. A menopausa não pode ser considerada como sinónimo de infertilidade e, assim, deverá ficar de fora.
Não engravidar após a menopausa parece ser mais do que evidente. Argumentos biológicos são mais do que suficientes, aos quais, pudemos adicionar argumentos sociais e culturais sem que isso constitua qualquer afronta para as capacidades femininas em educar e criar crianças nas idades ditas “serôdias”. Quantas e quantas não foram criadas por avós?
Não podemos aceitar o uso das novas técnicas em determinados contextos que não se justificam em termos de sobrevivência da espécie, em primeiro lugar, e da realização pessoal, em segundo.
Recordo-me que na produção da legislação da adopção foi definido um limite de idade (igual para ambos sexos). Presumo que por esse mundo fora deverá haver princípios idênticos. Sendo assim não me repugna nada que haja limitações à gravidez pós menopausa.
Não tenho qualquer receio, nem rebuço, quanto à criação de um novo provérbio: “mulher velha, homem novo, amor até à cova”, até, porque neste aspecto as vantagens femininas são evidentes e nada de desprezar. Na prática, sempre aconteceu e vai continuar. Mas, podemos, hoje, felizmente para os homens e graças à farmacologia, criar um terceiro provérbio: “homem velho, mulher menos nova, fazem amor até à cova”…

Massano Cardoso disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Massano Cardoso disse...

Enganei-me! Não são 1.000 espermatozóides por minuto, mas por segundo! Ou seja, desde que ninguém sofra de taquicardia, qualquer coisa como 1.000 por cada batimento cardíaco…