Foi um dia recreativo e cultural o último que passámos em Dallas.
De manhã, para além do jogging a que tento - e tenho conseguido! - submeter-me todos os dias, fiquei no quarto do hotel a tentar "colocar-me em dia" com Portugal, através do e-mail e das notícias que a Internet nos traz.
Por volta da uma da tarde, veio buscar-me ao hotel o Dr. Joseph Henry Mendenhall, Jr. German Teacher at L. D. Bell High School, que me levou a conhecer Southfork Ranch e uma das melhores, maiores e mais recentes zonas comerciais de Dallas, o North Park Mall. No Southforf Ranch as Dras. Bonita Tan e Marina Labuz juntaram-se a nós. Tratou-se de mais uma organização do World Affairs Council de Dallas, que tem sido impecável e irrepreensível em todos os aspectos. Desta vez fui sozinho não tive a companhia do Marc, que preferiu ficar por sua conta em Dallas, visitando alguns museus, suponho eu (de que abdiquei porque queria mesmo fazer o programa de hoje, e porque me pareceu que esses museus teriam pouco a ver com a realidade texana).
O Southfork Ranch, como penso que (quase) todos sabem, era a propriedade em que residia a família Ewing, tornada famosa na série "Dallas", que passou em 96 (!) países de todo o mundo (incluindo Portugal) no final dos anos 70 e em boa parte da década de 80. Quem não se lembra de J.R. Ewing, o “mau da fita”, do seu irmão “bonzinho” Bobby Ewing, das suas mulheres, Sue Ellen e Pamela, respectivamente, ou dos pais, Jock e Ellie Ewing? Pois é, creio que todos nos lembramos…
E foi realmente interessante ver o que é hoje o Southfork Ranch. À boa maneira americana, foi convertido numa atracção turística que nos faz recordar a série "Dallas" em todos os pormenores. Tem, obviamente, uma gift shop, um restaurante, e existe um visita guiada, num tractor com um atrelado enorme que nos leva a ver a casa, a piscina com as mesas onde os Ewing tomavam o pequeno almoço (lembram-se?), a propriedade, o carro de Jock Ewing (um Lincoln antigo), enfim, tudo. Porém, nem todo esse "tudo"é como parecia ser na série. Desde logo, porque apenas os exteriores eram filmados ali; todos os interiores foram filmados nos estúdios da produtora, em Hollywood. Portanto, ainda que se possa visitar a casa por dentro, com excepção da sala, arranjada para se parecer com o salão dos Ewing, ela tem pouco a ver com os interiores que víamos na televisão. E a casa e a piscina são, na realidade, bem mais pequenas do que apareciam no ecrã. Como eram “transformadas”? Bem, com os habituais “truques” cinematográficos, nomeadamente com lentes e câmaras especiais. Até a longa estrada que era percorrida pelos bólides da família desde o portão até ao casario é, na realidade, bem mais curta, pelo que segundo me explicaram, eles faziam o trajecto várias vezes, até que tudo era depois montado de modo a parecer um percurso enorme. Técnicas cinematográficas…
Enfim, lá visitámos tudo aquilo e vimos também o museu, onde, para além de até existir uma árvore genealógica da família Ewing, se pode ler a história da série, os relatos nas revistas da época, e como estão, e o que fazem hoje os actores que contracenavam em "Dallas"!...
Depois visitámos então o tal North Park Mall – o tal onde já tinha estado, mas muito de fugida, para comprar os óculos – e, posso assegurar-vos que, se acham o Centro Comercial Colombo grande, bem, então este, não sei como o qualificar: julgo que terá pelo menos o dobro da área do Colombo… com imensas lojas de toda a variedade de artigos e produtos e, como hoje foi sábado, estava cheio, mas mesmo cheio de gente.
Em seguida, e antes de regressar ao hotel, ainda passámos no Central Market, um supermercado onde se vendem vinhos internacionais e onde, obviamente, existem também vinhos portugueses. Embora a variedade não fosse muita – não era tão grande como a que encontrei na Spanish Table de Seattle - , sempre consegui comprar uma garrafa de Santa Fé de Arraiolos tinto (produzido por Bacalhôa, Vinhos de Portugal, S.A.), de 2004, que ofereci aos nossos anfitriões na home hospitality que se seguiu.
De facto, às 18 horas, já novamente com o Marc, encontrei-me no hotel com o Prof. Pedro Lopes – é verdade, um português! – que nos conduziu à sua casa, nos arredores de Dallas, onde jantámos na sua companhia e da sua família: a mulher, Jennifer Lopes, e os sogros, Dianna e Deon. As duas filhas do casal, Lisbon, de 3 anos, e Francesca, de 1 ano e meio, fizeram apenas uma esporádica aparição, pois estavam já nos preparativos para se deitarem.
Os Profs. Pedro Lopes e Jennifer Lopes são ambos doutorados e leccionam Espanhol (os dois) e Português (só o Pedro) no Richmond College e residem aqui na região há cerca de um ano, embora ele, que é português, tenha vindo para os EUA há cerca de 10 anos, para fazer o Doutoramento (ela é norta-americana).
Durante as viagens (ida e volta) falei sempre em português, e com alguém que também nasceu em Setúbal como eu (vejam bem a coincidências, apesar de depois ter ido viver para Braga), e que conhece bem os problemas do país pois, apesar de estar ausente há cerca de uma década, vai a Portugal pelo menos uma vez por anos, segundo percebi. Na sua vivenda – muito simpática, tipicamente americana – falou-se sobretudo em inglês, pois apesar de a Jennifer entender e se expressar fluentemente na nossa língua, os seus pais (sogros do Pedro) não a percebem nem falam.
Foi um serão muito agradável, onde muito se falou de Portugal e dos EUA, sobretudo do Texas, e das experiências profissionais e de viagens de cada um, entre outros assuntos. A ementa? O aperitivo foi batatas fritas com guacamole e depois, como prato principal, tivemos bifes de porco no churrasco - é verdade, assados (ou deverei dizer, grelhados?) naqueles aparelhos/grelhadores BAR-B-Q que os norte-americanos têm nos quintais de casa e que usam em churrascos, como se vê nos filmes e séries oriundos dos EUA - , acompanhados por grits, que é uma espécie de puré-de-batata, só que feito com milho (e que é muito saboroso), e bróculos, tudo acompanhado com molho Bar-b-q (tal como no jantar de véspera, em Fort Worth).
De sobremesa, um saboroso bolo de chocolate.
E foi, portanto, assim, que tive a minha dose de refeição texana familiar, ainda que a família fosse, de facto, meio… portuguesa, o que acabou por tornar tudo (ainda) mais agradável!...
E agora que regressei ao hotel, depois de escrever este diário, irei fazer rapidamente as malas e dormir – já é quase meia noite - , uma vez que amanhã a alvorada é às 6:30 horas para regressarmos à Costa Leste dos EUA: o destino, agora, é Boston, e vou ficar no fuso horário com que iniciei a minha estadia aqui nos States – o que significa que vou estar mais próximo de casa!...
De toda a forma, devo referir, para concluir que, tal como sucedeu em Seattle, ter conhecido Dallas – e o Texas – foi uma experiência óptima e a merecer certamente um bis!...
Até amanhã a todos, já com menos horas de diferença de Portugal!
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