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terça-feira, 15 de março de 2011

Interesse nacional pelas "ruas da amargura"...

1.Continuo a ter extrema dificuldade em entender o cenário de crise que o Governo resolveu encomendar, apesar de nos encontrarmos em período Quaresmal...não tinha a noção, confesso, que os responsáveis governamentais em exercício fossem crentes tão fervorosos ao ponto de decidirem auto-flagelar-se e punir-nos a nós, cidadãos contribuintes e indefesos, de forma tão cruel...
2.Começo por não entender a súbita necessidade de medidas adicionais de contenção orçamental em 2011 (0,8% do PIB segundo li) quando nos tinha sido afirmado imediatamente antes, em tom intensamente festivo, que a execução orçamental de 2011 estava a correr muitíssimo bem nos dois primeiros meses...
3.Acontece que o compromisso do OE/2011 aponta para um défice de 4,6% do PIB e não de 3,8% - e se os dados disponíveis da execução, a merecerem crédito, sugerem com elevado grau de confiança que esse objectivo vai ser atingido, onde está a lógica das medidas adicionais já em 2011?
4.Se os dados da execução orçamental não merecem crédito, então precisamos, urgentemente, de conhecer a verdade, antes de avaliar qualquer outro PEC...
5.Mas também o anúncio de medidas de contenção adicionais para 2012 se afigura anormalmente prematuro.
6.Com efeito, a apresentação de medidas adicionais de contenção para 2012, caso sejam efectivamente necessárias – e o bom senso manda não excluir - fariam bem mais sentido algures em Outubro próximo, acompanhando a proposta de Orçamento para o próximo ano e tendo em conta os resultados já conhecidos de 9 meses de execução em 2011.
7.Apresentar medidas adicionais para 2012, não existindo nesta altura informação necessária e suficiente para avaliar a necessidade e justeza das medidas anunciadas, pode vir a revelar-se um erro crasso, por excesso ou por defeito (mais grave esta hipótese que obrigará a mais um PEC...).
8.E toda esta teoria de incongruências emerge inevitavelmente amarrada, ferozmente amarrada, a um decantado “interesse nacional”...mas que interesse nacional?
9. É caso para perguntar: é o mesmo “interesse nacional” que justifica a agonia interminável do BPN, a teimosia enigmática no TGV e que continuemos a financiar-nos a custos exorbitantes só para poder afirmar, enganando os cidadãos, que não precisamos de ajuda externa?...
10.Não precisamos de ajuda externa e estamos totalmente dependentes da ajuda do BCE sem cujo ventilador pereceremos asfixiados?...
11.Anda mesmo pelas “ruas da amargura”, este pobre interesse nacional!

9 comentários:

Anthrax disse...

Ó Dr. TM, não fique triste :(...

Tristezas não pagam dívidas, porque se assim fosse nós - campeões do Fado, da Tristeza e da infelicidade - não tínhamos um déficit nas contas e outro... no governo.

Fartinho da Silva disse...

Para este governo todas as medidas que toma são:
- "absolutamente fundamentais";
- "absolutamente essenciais";
- "de interesse nacional".

Conclusão, é "absolutamente fundamental", "absolutamente essencial" e de "interesse nacional" levar o país à bancarrota!

João Pedro Santos disse...

"o compromisso do OE/2011 aponta para um défice de 4,6% do PIB e não de 3,8%"

É só fazer a conta 4,6%-0,8%= .... 4,6%

Tonibler disse...

Ui, vi aí 2 operações aritméticas diferentes??! Não, caro Tavares Moreira, a explicação para as intenções do governo tem que ser qualquer coisa apenas com uma operação. Ou então mandaram fazer as contas fora, também pode ser...

Anthrax disse...

Camarada Toni!
Estará V.exa. - por acaso - a querer insinuar que, ao contrário do que diz o Dr. TM, quem anda pelas ruas da amargura é a matemática e não o interesse nacional?? Mmmm?

Não que uma coisa exclua a outra é claro.

Tavares Moreira disse...

Cara Anthrax,

Se tivesse a escassa ventura de me visualizar, verificaria que não estou nada triste...até porque acredito no que diz, que tristeza não pagam dívidas!
Mas confesso que, não estando triste, estou emocionado com o alto sentido do interesse nacional protagonizado pelos nossos desvelados governantes!

Caro Fartinho,

Apenas uma diferença, quanto ao tempo do verbo SER que utilizou - não`"é absolutamente essencial" mas "era absolutamente essencial"...

Caro João Pedro Santos,

Exactamente, é isso mesmo, não me tinha apercebido dessa subtileza: 4,6% - 0,8% = 4,6%. Aí é que está o busilis...

Caro Tonibler,

Consta que os papeis para Bruxelas foram elaborados numa agência de comunicação - por engano ou por vício não se sabe bem - daí a forte reprimenda que sofreram quando os divulgaram...os senhores pensam que estão a falar para a vossa plateia lusa?!!!

Tonibler disse...

Caamarada Anthrax,

Aquilo que estou a dizer é que uma explicação com duas operações aritméticas não pode ter saído do ministério das finanças. Essas são pelouro do Banco de Portugal que até consegue fazer 3, 4 com ajuda de consultores estrangeiros.

Caboclo disse...

Então não foi vc que disse que aproveitar a moção do BE para expulsar socrates do governo seria uma falta de equilibro ?
Agora vem dizer que não compreende nada ?
O que vc espera de um alucinado ?
o que alguém razoável pode esperar de um alucinado ?
É preciso ser muito esperto para perceber o grau de alucinogenação de socrates ?

Osi disse...

Daquilo que os outros países exigem e perante aquilo que podemos, devia haver uma balança credível para que todos vejamos melhor o que está a acontecer.