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quarta-feira, 9 de março de 2011

Cego, desgraçadamente cego, é aquele que não quer ver

 «Julgo que não foi um discurso próprio de um Presidente de todos os portugueses, foi mais um discurso de facção, um discurso sectário». Esta foi a reacção do PS pela voz do líder do seu grupo parlamentar. Confesso que me surpreendeu. Esperava do PS uma reacção diplomática, ensaiada, nunca este libelo acusatório particularmente grave porque lançado num momento em que acabou de tomar posse o presidente que a maioria dos portugueses escolheu.
As palavras de Francisco Assis, normalmente contidas, dão ideia do estado de absoluta cegueira do actual PS. O discurso do PR fez um diagnóstico que ninguém se atreverá a desmentir e apelou ao despertar da sociedade civil como compete ao chefe do Estado. Cruel para o Governo? Sim, mas só na medida em que a realidade a que fomos conduzidos é ela própria cruel.
Posso, porém, admitir que as palavras de Assis tenham sido premeditadas. Prenunciam, então, o que aí virá. Se foi assim, então o PS escolheu a via da dramatização. Não querendo o PS admitir que é vítima de si próprio e não podendo fazer-se vítima do PSD que lhe deu a mão nos momentos decisivos, está à vista que a confrontação será com o PR numa perspectiva de inevitáveis eleições a prazo.
Reacção a quente ou premeditada, fica claro que o PS não entendeu a mensagem no contexto da gravíssima situação em que se encontra o País.
Falta perceber se o PSD entendeu.

12 comentários:

Unknown disse...

Na mouche, comme d' habitude. Um átomo do PSD percebeu.

Ana Rita Bessa disse...

Depois do tea&bolo de ontem, decidi vir visitar o seu post. Pareceu-me tudo exactamente conforme esperado. Seguramente o PSD entendeu a mensagem. A mim, resta-me saber se estará à altura de fazer todo o "inesperado" de que tanto precisamos.

Francisco Velez Roxo disse...

Batem leve, levemente,/como quem chama por mim.../Será chuva? Será gente?Gente não é, certamente/e a chuva não bate assim.
Sem mais Assis comentários pese embora ser um dos mais equilibrados lideres da bancada do PS nos últimos anos

pinho cardão disse...

Há demasiado tempo que o PS não entende nada. Nada de nada. Vive na realidade virtual.

Bmonteiro disse...

Assis já não entende nada de nada.
Não foi este senhor deputado da Nação, que veio em defesa do seu correlegionário 'mãos leves'?
Sim o dos gravadores.
Como está a justiça, neste caso?
Bem secundado pelo pequeno César dos Açores, que não perde uma oportunidade.
Deve ser maleita dos açorianos quando presidenciam na Região.
O circo de S. Bento promete.
A bem do Regime.

Bmonteiro disse...

Quanto ao PR (ou à PR?),
registei a presença do convidado 'major' Valentim em Belém.
Prova de como a democracia é capaz de recuperar gente do tipo 'mãos leves'.
Roubem, isto é, desviem gravadores ou batatas.
A bem do Regime.

Freire de Andrade disse...

É a guerra!
Não, não me refiro à Líbia, onde, infelizmente, também há uma guerra mortífera entre um tirano e um povo que anseia por liberdade. A guerra a que me refiro agora é a declarada entre o Presidente da República recém reeleito e o partido do Governo. O discurso de tomada de posse do PR para o segundo mandato foi sentido pelo PS como um ataque. Um discurso inesperado, mas correctíssimo, rigoroso e certeiro. Todas as críticas que ouvi de diversos quadrantes pareceram-me descabidas. A mais importante, porque adiantada logo a seguir ao discurso pelo PM, foi a que apontava como uma falha a ausência de menção da crise internacional como causa da nossa crise, já que, segundo Sócrates, crise idêntica é sentida por toda a Europa. Esta declaração vem na sequência da constante dos discursos do PM que sempre que tem de falar nas dificuldades financeiras que atravessamos faz questão de afirmar que são consequência da crise internacional.

O certo é que as reacções de diversos elementos do PS mostraram o quão desagradados ficaram com as palavras, certamente duras mas justas, do PR. Estas reacções, mais do que o discurso, mostram que o clima de guerra está instalado. Aguardam-se os próximos capítulos.

Eduardo Freitas disse...

Caro Dr. Ferreira de Almeida,

Certeiríssimo post. Da primeira à última linha. Como até à penúltima linha (inclusivé) se refere a um presente que já é passado (embora possa ainda vir a causar adicionais e importantes danos ao país), resta-me acreditar que a última linha tenha um destinatário que a entenda. Devo confessar que estou muito céptico desse entendimento.

Bartolomeu disse...

Mother, do you think they'll drop the bomb?
Mother, do you think they'll like this song?
http://www.youtube.com/watch?v=gZ2tluarzZs
;))))

João Pedro Santos disse...

Que o PS não entendeu (ou não quis entender) a mensagem é por demais evidente. Quanto ao PSD sinceramente estou certo que algumas pessoas próximas do Pedro Passos Coelho (por exemplo, Eduardo Catroga e António Nogueira Leite) conhecem bastante bem a situação do país, mas para largas franjas do PSD tenho algumas dúvidas... Quanto à maior parte dos cidadãos acho que estão cada vez mais confusos e desorientados. E preocupa-me um eventual cenário de contestação política e social PS+PCP+BE que pode resultar de uma radicalização do PS num quadro de um governo PSD ou PSD+CDS. Vivemos tempos interessantes e perigosos.

João Pedro Santos disse...

Que o PS não entendeu (ou não quis entender) a mensagem é por demais evidente. Quanto ao PSD sinceramente estou certo que algumas pessoas próximas do Pedro Passos Coelho (por exemplo, Eduardo Catroga e António Nogueira Leite) conhecem bastante bem a situação do país, mas para largas franjas do PSD tenho algumas dúvidas... Quanto à maior parte dos cidadãos acho que estão cada vez mais confusos e desorientados. E preocupa-me um eventual cenário de contestação política e social PS+PCP+BE que pode resultar de uma radicalização do PS num quadro de um governo PSD ou PSD+CDS. Vivemos tempos interessantes e perigosos.

Suzana Toscano disse...

excelente post.