1. Depois das recentes e fortes oscilações das yields da dívida pública portuguesa a que me referi em último Post, era aguardado com natural curiosidade o resultado do leilão de Bilhetes do Tesouro (BT’s) anunciado para esta manhã, em que o IGCP pretendia colocar até € 1.500 milhões em BT aos prazos de 6 e de 18 meses.
2. E o resultado aí está, foram colocados os pretendidos € 1.500 milhões, sendo € 450 milhões a 6 meses, taxa de juro de 1,041% (anterior 0,811%) e € 1.050 milhões a 18 meses, taxa de 1,603% (anterior 1,506%).
3. Registou-se uma subida das taxas, tal como o mercado antecipava, mas menos pronunciada do que se poderia pensar, sobretudo no prazo dos 18 meses. É de resto curioso verificar que o agravamento em relação ao leilão anterior foi mais elevado no prazo de 6 meses (+23 pontos base) do que nos 18 meses (+ 9,7 pontos base), sinalizando alguma confiança no futuro...
4. Em conclusão, o mercado teve uma reacção benigna, quiçá antecipando uma declaração animadora por parte do Presidente do FED, lá mais para o fim do dia, assegurando que o programa de compras de dívida (o tão falado QE/3) vai ser mantido por ora e que em qualquer alteração futura o FED não deixará de ter na devida conta os interesses da economia e da estabilidade dos mercados...
5. Admito que assim seja, e oxalá não me engane pois se me enganar ainda podemos ter um bom “sarilho”...
9 comentários:
Dr. Tavares Moreira
Já temos sarilhos suficientes. Os mercados continuam muito voláteis, mas por cá a volatidade política não é menor, não ajuda...
Terão, quer o FED, quer o BCE, condições para uma absorção controlada de liquidez face a eventual subida da inflação?
Caros Margarida e Antonio Barreto,
Parece que me enganei...vamos ter problemas, as taxas de juro da dívida (yields) aí estão de novo a subir..."sarilho" à vista!
Caro Antóinio Barreto,
Em resposta à sua pergunta, direi que sim, tanto o FED como o BCE poderão absorver liquidez em montantes praticamente ilimitados...embora um cenário de inflação que justifique tal tipo de intervenção se me afigura muito longínquo...
Caro Dr. Tavares Moreira,
Não era o senhor que se congratulava com as descidas das taxas de juro e que as mesmas se deviam às políticas executadas pelos nossos Governantes que estavam a elevar bem alto o nome de Portugal e dos Portugueses?
O Dr. está a mudar de opinião quase tão rapidamente como o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa ou como as previsões do Dr. Vitor Gaspar. :)
Caro Praxedes,
Eu congratulei-me com a descida das taxas de juro da dívida pública, é verade, mas nunca invoquei as razões que aqui vem trazer - embora também possam ter dado algum contributo para esse resultado - pela simples razão de que as interpretei como consequência, em primeira mão, de outros factores, nomeadamente as intervenções (ou promessa de, no caso do BCE) dos Bancos Centrais, e do FED em especial.
Se for ler os meus Posts sobre o assunto, é o que lá está...não o que o Senhor deseja (?) que estivesse.
Não há problema, sei que o TC já está a pronunciar-se sobre o facto de um estrangeiro poder decretar a subida das yeilds.
Caro Tonibler,
Não me tinha apercebido dessa vertente de ataque ao problema...
Em caso de inconstitucionalidade, será que temos a questão ultrapassada?
E essa eventual jurisprudência será reconhecível nas ordens jurídicas externas?
E como irão reagir os mercados a tal (eventual) proclamação: lançar-se-ão em grande correria na compra de dívida lusa, respeitando os limites de juro superiormente determinados a "bem da Nação", antes que a mesma esgote adquirida pelos valorosos patriotas que tanto protestam contra os malefícios da Troika?
Aquilo que o acórdão do TC não cobrir, estou certo que a influencia da senhora de Fátima fará o resto. Este país não pode andar a reboque dos especuladores da economia de casino!
Caro Tonibler,
Mas o Senhor é audaz ao ponto de admitir que os acórdãos do TC podem deixar algo a descoberto? Isso não será entrar num domínio de especulação perigosamente tóxica, susceptível de ser associada aos piores propósitos e estratégias dos especuladores de casino que, ao contrário dos bravos que investem contra a Troika, só compram dívida portuguesa a preço (juro) imoral?
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