Vai para além da imaginação, mas é
verdade que o nosso querido Estado, através da Fundação para a Ciência e
Tecnologia, nos pôs a financiar uma investigação sociológica sobre o punkismo: “o
punk radica da música, mas tem que ver com a luta por determinados ideais, com
uma vida mais igualitária”, assim a investigação é solenemente apresentada.
Investigação conduzida pelo emérito
Augusto Santos Silva, sim o que foi ministro socrático e pela emérita Paula
Guerra, Professora da Faculdade de Letras do Porto. O estudo vai avaliar ainda
como é que a rapaziada com crista na cabeça “permanece punk, sem estar
condicionada pela idade, roupa e trajectórias de vida, que permitem ao mesmo
indivíduo de ser punk de várias maneiras”.
O projecto inclui a criação de um
arquivo físico e virtual de fanzines, e-zines , jornais e discos.
Bom, resta ainda dizer que a conceituada
parceria sociológica analisará as letras e as músicas de 600 bandas punk
nacionais, entre as quais, notem, a Deskarga Etílica, os Fita-Cola e os Tara
Perdida, num período de 1997 à actualidade.
Trabalho hercúleo e de anos, com financiamento
garantido. E também emprego para o dueto, no futuro museu, claro está. E para
os amigos, que isto de conservar e manter um museu com tanta crista tem o que
se lhe diga.
E nós a pagar!... PQP!...A todos eles!
(Do artigo de Maria Filomena Mónica, A Emergência da Sociologia do Bas-Fond, Expresso 22.06.13)
2 comentários:
Eu tenho tudo só me falta o subsídio. Vão perder o meu inestimável contributo por tão pouco?
Nunca imaginei que um dia, viesse a ler um post escrito pelo meu estimado Amigo Pinho Cardão, sobre este tema.
E esta minha falha de imaginação, não se prende com qualquer espécie de juízo de valores, simplesmente, não imaginei que o assunto o pudesse mínimamente interessar. Apesar de, compreender claramente que não é própriamente a punkada dos Punk que o incomoda, mas sim as punkadas de outros Punk, que não seguindo a "filosofia", dela retiram (ou tentam) dividendos.
Bom... mas para desanuviar, e porque vem a "talho-de-foice", aqui vai uma anedota ordinária, pelo que, rogo às almas mais sensíveis que estiverem a ler este comentário, o favor de suspender neste ponto a leitura.
A cena passa-se num bar, onde se encontra um fulano de idade completamente embriagado, o qual, ao ver entrar um punk exibindo a sua crista multi colorida, não retira dele o olhar.
O punk começa a ficar incomodado com a insistência do olhar do idoso e, convencido de que este estaria a reprovar o seu look, levantou-se e dirigiu-se-lhe, intrepelando-o: Ó meu amigo, o senhor está ha tanto tempo a aolhar para mim com esse ar de reprovação, o senhor por acaso quando era jóvem nunca cometeu um acto mais radical, nunca pisou o risco?
O bêbado, depois de uma pausa para reflexão, responde-lhe o mais solene possível: Cometi meu caro jóvem, cometi! Um dia, quando tinha mais ou menos a tua idade, entrei na capoeira lá de casa, peguei numa galinha e... zuca... estás a perceber, não estás?!
Sim... mais ou menos, responde o punk, mas porque é que você insiste em olhar para mim tão fixamente?
-É que, desde que tu entraste aqui no bar, fiquei a pensar: será que este rapaz é fruto daquela minha relação amorosa e fugaz com a galinha?
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