1. Uma das primeiras notícias com que hoje fui defrontado: “Juros da dívida nacional acima de 6,6%; acções da banca afundam...”. Quando vejo isto, digo cá para mim: aqueles malandros do FED pregaram-nos uma boa partida, andaram a espalhar ilusões baixand os juros "worldwide", esta rapaziada entusiasmou-se, agora é que vão ser elas...
2. Para ser mais claro, quando a notícia diz “juros da dívida nacional acima de 6,6%” significa que o rendimento implícito na cotação da dívida pública portuguesa, ao prazo de 10 anos, a chamada “yield”, está acima desse nível; ou seja que estamos a assistir a uma queda pronunciada das cotações da dívida pública, a pressão vendedora é elevada.
3. Não espanta, por isso, que as acções da banca que se encontram cotadas em bolsa (felizmente as da CGD não estão, por isso resistem estoicamente), estejam também a baixar: o mercado não ignora que os principais bancos portugueses, embalados pela generosidade da política do FED, têm investido fortemente em dívida pública; agora que a cotação baixa desta maneira é natural que o valor das acções dos bancos seja também atingido...
4. A continuarmos assim, e caso o FED não decida voltar atrás com o anúncio da retirada (gradual, mas mesmo assim...) dos estímulos à baixa dos juros, o cenário para o financiamento da economia portuguesa volta a ficar sombrio e o regresso da República aos mercados, aguardado para o 2º semestre do corrente ano, pode ter de ser arquivado sine die...
5. Curiosamente, ao ver estas notícias pouco animadoras, dei-me conta de que, no plano interno, a “conversa” dominante nos media é sobre greves: a greve geral (do sacrossanto sector público, claro) do dia 27, a greve às avaliações pelos professores...
6. Por outro lado, os 156 historiadores, 145 licenciados em marketing, 303 juristas, 330 arquitextos, 260 engenheiro civis, 106 sociólogos, 75 psicólogos, etc, etc etc, do quadro da CML, continuam bravamente instalados na sua trincheira de combate, em defesa do Estado Social...
7. Aí temos o cenário TITANIC, em força! Para o cenário ficar mais completo, só falta mesmo o regreso do Escudo para acabar com o tormento da dívida, criar empregos e por a economia a crescer!
5 comentários:
Citando o Sr. Professor Massano Cardoso, no post em baixo: Tanta coisa por causa de uns 14%!
os contribuintes do rectângulo estão irremediavel e seguramente falidos
porque o importante são as greves do sector improdutivo do MONSTRO ou POLVO UNIDO que os devora
a europa desunida teve sonhos de grandeza e acordou falida
a cml está com uma cãibra
como contribuinte venho dizendo 'até quando ... abusarás (quousque tandem ...)', como na 1ª Catilinári de Marco Cícero
Caro Bartolomeu,
Neste caso, como terá reparado, estamos a discutir bem menos que os 14% do Professor Massano: "apenas" 6,6%, embora ao fim do dia já acima de 6,7%...
Só que cada décima de ponto aqui (10 pontos base na linguagem cifrada dos mercados) custa-nos os "olhos da cara"...
Caro Floribundus,
Os contribuintes, neste brilhante modelo de Estado Social que construímos e que agora se desmorona por falta de recursos para o sustentar, estão e estarão sempre no fim da escala: subordinados aos altos valores da manutenção do Estado Burocrático, ineficaz e obstrutor das inciativas verdadeiramente produtivas...
Para quando a erecção, por esse País fora, de um monumento ao contribuinte desconhecido: representado num farrapo humano, sujeito às maiores sevícias e desprezo, mas sempre acusado de não contribuir o suficiente para manter a pompa do Estado Burocrático?
Dr. Tavares Moreira
Estamos entregues a muitos "icebergs". Estamos reféns de uma série de comportamentos e práticas que não queremos alterar, seja por que não, seja por falta de vontade e coragem. Concordo com a classificação "cenário TITANIC", presente, aliás, em muitas frentes...
Cara Margarida,
Só tenho nesta altura uma dúvida: se o cenário Titanic que nos é aplicável é o Titanic I (em vias de afundamento) ou o Titanic II (pós-afundamento). Ainda espero, ao contrário de alguns comentadores (Tonibler, por exemplo) que seja o Titanic I...
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