António, depois de dormir numa almofada de algodão (Made in Egipt), começou o dia bem cedo, acordado pelo despertador (Made in Japan) às 7 da manhã.
Depois de um banho com sabonete (Made in France) e enquanto o café (importado da Colômbia) estava a fazer na máquina (Made in Chech Republic), barbeou-se com a máquina eléctrica (Made in China). Vestiu uma camisa (Made in Sri Lanka), jeans de marca (Made in Singapure) e um relógio de bolso (Made in Swiss). Depois de preparar as torradas de trigo (produced in USA) na sua torradeira (Made in Germany) e enquanto tomava o café numa chávena (Made in Spain), pegou na máquina de calcular (Made in Korea) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (Made in Thailand) para ver as previsões meteorológicas. Depois de ouvir as notícias pela rádio (Made in India), ainda bebeu um sumo de laranja (produced in Israel), entrou no carro Saab (Made in Sweden) e continuou à procura de emprego. Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através do seu telemóvel (Made in Finland) e, após comer uma pizza (Made in Italy), o António decidiu relaxar por uns instantes. Calçou as suas sandálias (Made in Brazil), sentou-se num sofá (Made in Denmark), serviu-se de um copo de vinho (produced in Chile), ligou a TV (Made in Indonésia) e pôs-se a pensar porque é que não conseguia encontrar um emprego em PORTUGAL...
10 comentários:
Voltar à Economia real precisa-se .... Caro Dr. José Mário FA.
Mas também...digo eu !
Precisamos de um pouco mais de seriedade na política, senão nunca mais chegamos à "meta".
Digo-lhe que fiquei em perfeito estado de náusea depois de ler este texto de Mário de Crespo.
Arrepiante...
"Não é a crise que nos destrói. É o dinheiro."
Mário Crespo
Nada no mundo me faria revelar o nome de quem relatou este episódio. É oportuno divulgá-lo agora porque o parlamento abriu as comportas do dinheiro vivo para o financiamento dos partidos.
O que vou descrever foi-me contado na primeira pessoa. Passou-se na década de oitenta. Estando a haver grande dificuldade na aprovação de um projecto, foi sugerido a uma empresária que um donativo partidário resolveria a situação. O que a surpreendeu foi a frontalidade da proposta e o montante pedido. Ela tinha tentado mover influências entre os seus conhecimentos para desbloquear uma tramitação emperrada num labirinto burocrático e foi-lhe dito sem rodeios que se desse um donativo de cem mil Contos "ao partido" o projecto seria aprovado. O proponente desta troca de favores tinha enorme influência na vida nacional. Seguiu-se uma fase de regateio que durou alguns dias.
Sem avançar nenhuma contraproposta, a empresária disse que por esse dinheiro o projecto deixaria de ser rentável e ela seria forçada a desistir.
Aí o montante exigido começou a baixar muito rapidamente. Chegou aos quinze mil Contos, com uma irritada referência de que era "pegar ou largar". Para apressar as coisas e numa manifestação de poder, nas últimas fases da negociação o político facilitador surpreendeu novamente a empresária trazendo consigo aos encontros um colega de partido, pessoa muito conhecida e bem colocada no aparelho do Estado. Este segundo elemento mostrou estar a par de tudo.
Acertado o preço foram dadas à empresária instruções muito específicas. O donativo para o partido seria feito em dinheiro vivo com os quinze mil Contos em notas de mil Escudos divididos em três lotes de cinco mil. Tudo numa pasta. A entrega foi feita dentro do carro da empresária. Um dos políticos estava sentado no banco do passageiro, o outro no banco de trás. O da frente recebeu a pasta, abriu-a, tirou um dos maços de cinco mil Contos e passou-a para trás dizendo que cinco mil seriam para cada um deles e cinco mil seriam entregues ao partido. O projecto foi aprovado nessa semana. Cumpria-se a velha tradição de extorsão que se tornou norma em Portugal e que nesses idos de oitenta abrangia todo o aparelho de Estado.
Rui Mateus no seu livro, Memórias de um PS desconhecido (D. Quixote 1996), descreve extensivamente os mecanismos de financiamento partidário, incluindo o uso de contas em off shore (por exemplo na Compagnie Financière Espírito Santo da Suíça - pags. 276, 277) para onde eram remetidas avultadas entregas em dinheiro vivo. Estamos portanto face a uma cultura de impunidade que se entranhou na nossa vida pública e que o aparelho político não está interessado em extirpar. Pelo contrario. Sub-repticiamente, no meio do Freeport e do BPN, sem debate parlamentar, através de um mero entendimento à porta fechada entre representantes de todos os partidos, o país político deu cobertura legal a estes dinheiros vivos elevados a quantitativos sem precedentes.
Face ao clamor público e à coragem do voto contra de António José Seguro do PS, o bloco central de interesses afirma-se agora disposto a rever a legislação que aprovou. É tarde. Com esta lei do financiamento partidário, o parlamento, todo, leiloou o que restava de ética num convite aberto à troca de favores por dinheiro. Em fase pré eleitoral e com falta de dinheiro, o parlamento decidiu pura e simplesmente privatizar a democracia.
As minhas desculpas pela propaganda mas achei curiosa a coincidência de hoje ter escrito isto:
http://ambio.blogspot.com/2009/05/economias-do-absurdo_15.html
henrique pereira dos santos
Não tem que pedir desculpa meu caro HPS, até porque a remissão é para um excelente apontamento e muito a propósito.
O estado real da economia portuguesa
http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=1233492
no link clicar na imagem que inclui comentários de participantes online.
Talvez esteja na hora do António fazer o que os seus antepassados nos seus melhores (poucos) momentos fizeram: deixar de meditar e lamentar e fazer-se à estrada para tentar oferecer aos outros aquilo que a sua criatividade melhor conseguir.
Ele andou todo o dia em autoestradas( Made in Portugal), espreitou no jornal desportivo do vizinho(Made in Portugal) acerca dos jogos feitos nos estádios do euro (Made in Portugal) que os políticos que ele elegeu (Made in Portugal) arranjaram para mostrar que os portugueses também eram capazes de organizar grandes coisas e de ser muito enganados. Deve ter pensado "o que precisávamos agora era de um aeroporto novo", daqueles made in Portugal....
Podemos concluír que António é um «cidadão do mundo» e que possuí 0 sentido intríseco da «globalidade». Contudo, de gostos algo irregular, ou "desiquilibrados", dado que, ao optar colocar no pulso um relógio «made in Swiss», após ter repousado sobre uma almofada de algodão Egípcio, e ter-se ensaboado com um finíssimo sabonete Francês, revela-se incongruente na uilização da escanhoadora made in China...
Globalistas, sim senhor, de acordo, mas, com razoabiliadade!
Bonito post caro Dr.Ferreira de Almeida.;)
Caro Dr. Ferreira de Almeida:
É bom que o António não pense demais, senão ainda questiona o pai com um: mas porquê?
Meu caro Dr: li a analisei ,com uma certa profundidade, o texto do Mário Crespo (ou não fosse eu Prof. de PORTUGUÊS)e, tal qual dizia um comentador ,antes de mim, é de arrepiar! Não conseguimos, nós, portugueses, construir nada ,a não ser intrigas, banqueiros e políticos corruptos, sem nos lembrarmos de algumas grandiosidades da nossa história. E não me refiro aos descobrimentos...Estes são os males da sociedade consumista que pôem na nossa mão, com a capa da pior globalização que por aí andam a "vender-nos"...
Tudo muito bem, apenas uma pequena nota para a falta de conhecimentos de gramática do autor do post. Se, em português, vc não diz "feito em suiço", porque o faz em inglês? Com efeito, dizer "made in Suwiss" significa exactamente isso, pois o nome atribuído ao País em Inglês é Switzerland e não Swiss...
Desculpe lá a correcção, mas incomoda-me a falta de conhecimentos que alguns pseudo intelectuais exibem impunemente...
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