Ontem, numa acção de campanha, o cabeça-de-lista ao PS às eleições europeias, Vital Moreira, associou o PSD à autêntica roubalheira do BPN: “Certamente por acaso, todos aqueles senhores são figuras gradas do PSD. E estamos à espera que o PSD se pronuncie sobre essa vergonha, que é justamente a roubalheira do BPN”. Na mesma ocasião, o candidato socialista ao Parlamento Europeu Capoula Santos, qualificou o PSD como “trupe laranja”.
Felizmente, hoje, Maria de Belém, que além de Deputada do PS à Assembleia da República é Presidente da Comissão Parlamentar de Saúde e ainda Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito ao BPN, referiu que não se revia “neste tipo de declarações” e que “não” usa “determinados termos” em política.
E mais adiantou que o PSD “tem tido uma participação activa” e “contribuído para os consensos" na Comissão Parlamentar de Inquérito a que preside.
E concluiu que “aquilo que devo testemunhar como presidente da Comissão do BPN é a colaboração do PSD no exercício das suas funções”, "a todos os títulos louvável".
Concordo inteiramente com Maria de Belém e penso que ontem, quer Vital Moreira, quer Capoulas Santos utilizaram uma linguagem pouco própria, roçando o insulto e que, para além de os deixar (aos próprios) muito mal na fotografia, também coloca muitíssimo mal o PS (José Lello, que veio depois condenar Maria de Belém e concordar com Vital Moreira, não percebeu isso?...). E contribui para afastar ainda mais os cidadãos da classe política.
Já todos percebemos que a escolha de Vital Moreira para cabeça de lista do PS às europeias se tem revelado desastrosa para o Partido Socialista.
Quem não se lembra, entre outras questões, da polémica à volta da possível recandidatura de Durão Barroso à frente da Comissão Europeia, apoiada por José Sócrates, mas não por Vital Moreira?...
Ou a defesa da disciplina de voto para os deputados na Assembleia da República (certamente por causa de Manuel Alegre) – mas a liberdade de voto no Parlamento Europeu?...
Ou a criação de um imposto europeu para tributar transacções financeiras – mas que depois não aumentava a carga fiscal? (então mas não é um novo imposto? O que significa a palavra “criar”?)… e que até já podia ser uma maior contribuição para aumentar o orçamento comunitário?... Isto além de os pormenores perante tão delirante ideia (e apresentada num momento oportuníssimo, como todos percebemos…) ficarem para depois de 7 de Junho, isto é, para depois das Europeias!...
Não admira que José Sócrates tenha arrepiado caminho e entrado a sério na campanha: perante as gaffes de Vital, a situação começava a ficar dramática para o PS…
Enfim, espero bem que quer Vital Moreira, quer Capoulas Santos se moderem.
Que contribuam para elevar o nível da campanha – em vez de contribuírem para a empobrecer.
Se estão desesperados porque crêem que a sua mensagem não está a ter os efeitos desejados, existem certamente outras formas de actuar diferentes (para muito melhor…) daquela com que, infelizmente, fomos ontem presenteados.
5 comentários:
Sr. Frasquilho, e que tal comentar Alberto João Jardim?
O selectivo purismo
de um discurso incoerente,
este miserável sectarismo
de um político indiferente.
A falta de verticalidade
num responsável político,
espelha a futilidade
do seu discurso monolítico.
A baixeza argumentativa
do discurso doutoral,
é uma velada tentativa
de condicionamento eleitoral.
Adoro campanhas eleitorais!
No entanto, desconhecendo a razão, a imagem que me vem à cabeça é a de um corso carnavalesco realizado ali para os lados da “porcalhota”.
Eles são grupinhos, por todo o país, de gentinha com uma máscara veneziana de alegre hipocrisia colada no rosto, mão estendida, tentando comprar vontades com palavras ocas que nem o vento se incomoda em levar...
Eles são bandeiras e bandeirinhas, bombos à frente, por vezes até gigantones, sempre palhaços no meio, cantor “pimba” atrás... eles são sacos de plástico, isqueiros e esferográficas profusamente coloridos pelas cores da heráldica por quem se tentam vender...
Eles são beijinhos repenicados nas criancinhas por mais ranhosas que sejam, abraços apertados ao Zé mesmo que não se lave há meses, o passo de dança com a Maria que o goza, a pose do braço dado com a velhinha desdentada que fica sempre bem nas televisões, até festa em cão sarnoso que se aproxime...
Não digam que tanta alegria e fraternidade não são bonitas, que não alegram o país.
Infelizmente, depois, vêm sempre as quartas-feiras... o carro reluzente que transporta no conforto dos estofos de pele e ar condicionado uma qualquer excelência que, ao passar pela vida dos Zés e Marias que bajulou, nem se incomoda a olhá-los.
Amigos, o Sol está bom e a água melhor... vamos para a praia e deixemo-los a falar sózinhos!
Se no entanto a motivação para votar for grande, vá; não deixe é de escrever no boletim de voto o sítio para onde gostaria que eles fossem.
Zé Muacho
Meu caro Miguel:
Ver o PS enveredar por este caminho não deixa de ser agradável para o PSD.
Lamenta-se,certamente,o destempero verbal mas aprecia-se o desespero de quem pensava que as europeias eram um passeio e percebem que a derrota pode estar ao virar da porta.
Do meu ponto de vista o PSD fará v
bem em não responder no mesmo tom.
Porque não é essa a nossa matriz,não é essa a nossa cultura democrática,não é essa a nossa forma de estar na vida.
Mas ficaria bem ao partido pedir ao inefável dr Vital que explicasse bem aquelas confusõesinhas de emprestimos da CGD para determinados empresários,chamemos-lhes assim, comprarem acções do BCP.
Dando como garantias as próprias acções.
O que já era um negócio duvidoso,mas disso sabes muito mais que eu,face ao estado da Bolsa.
Mas depois quando vemos esses respeitáveis empresários,chamemos-lhes assim, na posse dessas acções votarem para o conselho de administração do BCP nas mesmissimas pessoas que lhes tinham facultados os empréstimos na CGD, ficamos com uma sensação de desconforto.É que,seguramente por acaso,estamos a falar de pessoas quase todas ligadas ao...PS.
Ou de como cuspir para o ar ás vezes se torna...embaraçoso.
Um abraço
Apoiado Miguel. Felizmente na política há muitas pessoas como a Dra. Maria de Belém.
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