1. Em Post editado em 7 do corrente, “Moratória das dívidas à banca…” referi-me a propostas muito curiosas, uma a (re)nacionalização da COSEC, sugerida pelos Presidentes da AEP e da AICEP, a outra uma moratória geral para as dívidas bancárias das empresas, sugerida pelo Presidente da AIP.
2. O Governo mostrou-se lesto em relação à primeira - renacionalização da COSEC, ao que parece por aquisição “potestativa” – tendo essa decisão sido hoje anunciada pelo habitual porta-voz, pelos vistos antes mesmo de os presumíveis vendedores terem sido contactados para o efeito.
3. Tenho para mim que este anúncio constitui essencialmente um acto de política pré-eleitoral, que com grande probabilidade nos vai sair caro...
4. Digo que nos vai sair caro porque não estou a ver que os actuais titulares estejam dispostos a vender a qualquer preço e vão aproveitar-se do clima e da necessidade de fazer demagogia por parte dos decisores para imporem condições que...nós pagaremos como habitualmente.
5. Convém ter presente que um dos contemplados com esta aquisição “potestativa” é exactamente uma companhia de seguro de crédito alemã e o Governo deve saber que se não a tratasse bem (à nossa custa, claro), acabaríamos pagando uma factura elevadíssima…
6. O seguro de crédito, interno ou à exportação é hoje uma actividade essencialmente comercial, com excepção da área da cobertura dos riscos políticos e extraordinários em exportações - de bens de equipamento e serviços, sobretudo - para países que envolvam esse tipo de riscos, em geral economias emergentes ou países de baixos rendimentos (LIC’s).
7. Mas esses riscos políticos e extraordinários são desde há muito tempo objecto de resseguro junto do Tesouro Público, podendo o Ministério das Finanças adoptar as providências que muito bem entender para alargar essas coberturas se considerar isso do interesse nacional...
8. Então para quê nacionalizar a COSEC? Para fazer a vontade aos Presidentes da AEP e da AICEP? Para piscar o olho à esquerda? Não haverá processos de piscar o olho menos dispendiosos?
9. E porque não fazer também a vontade ao Presidente da AIP, concedendo uma moratória por 1 ano ou mais às dívidas bancárias das empresas?
10. No ponto em que as coisas se encontram, a moratória até teria mais justificação do que renacionalizar a COSEC...e custar-nos-ia muit(issim)o menos dinheiro.
11. Assim vai o circo, cada vez mais animado à medida que a data das eleições se aproxima...ha, quase esquecia: por estas e por outras é que os impostos não podem baixar…
8 comentários:
Este governo não mete o dinheiro dos contribuintes no casino capitalista da bolsa. Primeiro compra as acções e, só depois, é que pergunta o preço.
Eu ouvi há uns tempos as declarações do presidente da AIP (que deve representar muitos empresários portugueses, embora não conheça nenhum) fiquei a pensar "Não conseguem exportar sem seguro??? Quantos????" Seria uma boa pergunta agora a fazer. Nem é preciso saber o montante de seguro que falta colocar no mercado, só o número de empresários exportadores "amarrados". Deve ser para lá de dois, oh,oh!!!....
Socializam os prejuizos e dão um bó
nus ao BPI.
Caro Tavares Moreira
Proponho que o "Saloio de Ouro" referente ao mês de Maio do corrente, seja atribuído ao Governo pela proposta de nacionalização da COSEC.
Sobre o seu post, como (quase) sempre estou de acordo, apenas complemento com as seguintes notas (de reflexão):
a) Porque será que se nacionalizou, quando se podia avalizar linha de crédito a linha de crédito? Como não creio que a área financeira afecta ao Governo tenha ensandecido, acho que passámos para a segundo nível da PODESCUR ( PrOcesso de DESorçamentaçao em CURso): de uma desorçamentação reactiva, isto é de uma EPEÍZAÇÃO acelarada (transformação em EPES os serviços públicos)para uma nacionalização pró activa; porque a área internaiconal está a ficar sem recursos finnaceiros.
b) Como se passa com este governo, ainda estamos na fase das propostas, pelo que, se se mantiver o mesmo ritmo de concretização dos anúncios, não creio que esteja concretizado antes do início do próximo ano, ( as minhas investigações apontam para uma dilação média de 6 a 9 meses).
c) Tendo em conta que este Governo é o autor do conceito mais moderno de gestão pública: o Método OTALCOCHETE, formulação MLINO, (trata-se de um processo inovador, em que se financia com dinheiros públicos, os estudos de viabilidade de um projecto estruturante, durante dez anos, para depois optar por outra localização sem qualquer relação com a anterior, financiada por privados e por um custo dez vezes menor)poderemos assistir ao seguinte cenário:
A moratória e a nacionalização serão integradas no universo BPN, cuja desgnação será mudada para Banco POrtuguês das Nacionalizações, permitindo as necessárias sinergias que alcançem uma maior rentabilidade e eficácia das dívidas públicas e dos lucros privados.
Cumprimentos
João
Caro Dr. Tavares Moreira,
Há uns meses sugeria que não explanássemos muito acerca desta onda de nacionalização da economia e suas consequências pois tenderíamos para a esquizofrenia
Ora aí tem.
Mas isto está tudo doido?
Se a Cosec privada não segura, por razões de risco, a Cosec pública altera o grau de risco?
Caro Tonibelr,
Exactamente, primeiro compra - ou anuncia bombasticamente que vai comprar -e só depois vai discutir o preço.
É a eficiência máxima em matéria de negócios do Estado, recorrendo a velha máxima "o segredo é a alma do negócio"...
Caro Wegle,
Compra primeiro para depois se encarregar de distribuir o custo dos seguros de crédito, sob a forma de prejuízos, pelos incautos do costume...
Compreende-se bem o apoio de algumas associações empresariais...
Caro João,
Compro já a sua nota nº3, nem preciso de lhe perguntar o preço!
Do melhor que tenho lido!
Caro Luís Melo,
Será que a JP Sá Couto não devia ser nacinalizada? Surpreende-me o silêncio do excelente Bloco sobrer esta matéria...
Caro Agitador,
Eu não explano o que quer que seja, limito-me a constatar...já não tenho energia para mais!
Caro Pinho Cardão,
Tenho a percepção de que a coisa menos doida que terá sido noticiada nos últimos tempos ainda é a possível contratatação de M. Jardel pelo SLB...
Se os riscos em causa são cobertos por garantia do Estado será que se pretende ajudar o BPI?
Os riscos políticos e extraordinários, atenta a sua natureza não comercial, sempre foram objecto de resseguro no Estado-Tesouro, em atenção ao interesse em exportar para certos e determinados mercados nos quais se considerava existir um interesse estartégico para a economia nacional, caro Eduardo.
Os outros riscos são de natureza tìpicamente comercial, competindo às seguradoras e às empresas exportadoras avalia-los e negociar o custo da respectiva cobertura.
Enviar um comentário