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terça-feira, 18 de setembro de 2012

As razões de Esperanza Aguirre

A Presidente do Governo de Madrid, Esperanza Aguirre, demitiu-se hoje de todos os cargos políticos que ocupava pelo partido Popular, pondo termo a uma longa e bem sucedida carreira política pelo Partido Popular. Ouvi o discurso que fez apresentando as suas razões, e ouvi também muitos comentários duvidando das razões que apresentou, parecendo que muitos esperam que um dia se saibam as “verdadeiras” razões. Ora, o que ouvi chegou para me convencer. Aguirre teve há cerca de um ano um cancro na mama, do qual, afirmou está “supostamente curada” apesar da angústia quando referiu que terá um controlo da doença no próximo mês, mas disse que não é por isso, é porque o drama que viveu a fez desejar ter tempo para estar com a família, com a família toda, que referiu detalhadamente, a mãe, os 7 irmãos, marido, os filhos, os netos, como se confirmasse a sua importância na sua vida um a um. Como se quisesse dizer-lhes que eram o mais importante da sua vida. Reconhece que a política é uma paixão mas que é tempo de sair e que é preciso saber afastar-se no tempo certo. Aguirre comoveu-se profundamente, vacilou-lhe a voz, não se inibiu de aparecer aos olhos de todos como um ser humano profundamente sofredor que escolhe a prioridade dos seus afetos e o assume sem rodeios perante os partidários e os que a elegeram.
Não sei quantas intrigas ou verdades virão ainda a lume a propósito desta decisão, mas enquanto a ouvia pensei que só uma mulher podia fazer aquele discurso no momento em que, em plenas funções, se despede da vida política.

10 comentários:

Bartolomeu disse...

Ha dias atrás, pela altura de um mega-jackpot no euromilhões, acabava de me deitar quando a minha mulher, de papo para o ar e um olhar sonhador projectado no tecto do quarto, me atira com esta:
Se me saisse o euromilhões, convidava a família toda para um cruzeiro de 8 dias.
Instalei-me ao lado dela, na mesma posição, peguei-lhe na mão e também com os olhos perdidos na lonjura do sonho, respondi-lhe: impossível.
Surpreendeu-se com a resposta e indagou; impossível porquê, sabes qual é o valor do prémio?
Não é o valor do prémio que torna impossível a realização desse sonho, minha querida... respondi-lhe.
-Então?
-Impossível porque, que eu saiba, não existe um barco de cruzeiro, que comporte toda a população mundial.
-Hmmm? Não percebi.
-Qual foi a parte que não percebeste?
-Estares a falar da população mundial...
-Pois... não disseste que convidavas a família toda?!
Obviamente, não irei prolongar a conversa de alcova entre mim e a minha amada esposa, contudo, a esta noção de globalidade que tanto empolga os dirigentes políticos no mundo, falta, em minha opinião, o conceito de família. Um conceito a que se chega com a maior facilidade, através de um simples exercício de "rewind".
;)

Anónimo disse...

Também li a notícia. Não conheço bem a senhora para lá da noção de que se trata de figura importante no PP. Mas acredito que a explicação que dá corresponde ao seu sentimento. Quem já viveu intensamente na política ou dedicou a vida a uma profissão a dado momento, olhando para trás, percebe que existiram muitos momentos perdidos, muitas distâncias cavadas. É natural que, após um acontecimento que desperta para a nossa essencial mortalidade, olhando para a frente se deseje voltar a ligar os elos de algumas correntes.

Anónimo disse...

Esperanza Aguirre é uma mulher que admiro de há muito. Determinada, capaz de executar o que se propõe, uma mulher simples e realmente com muito sucesso. Demitir-se quando se demite é mais um exemplo das suas qualidades... embora eu, pela parte que me toca, vá sentir a sua falta à frente dos destinos da Comunidad de Madrid.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
A ambição do poder costuma ser mais forte. A compreensão de que a existência é efémera - consciência que se aviva perante um acontecimento grave na vida - que tudo na vida tem um momento próprio é um sinal de inteligência. O sentimento de dever cumprido e de dedicação ao trabalho e aos outros certamente que ajudaram ao anúncio público da decisão. Sim, só uma mulher é capaz de se despedir assim...

jotaC disse...

Subscrevo o comentário do Drº Ferreira de Almeida:

"(...)É natural que, após um acontecimento que desperta para a nossa essencial mortalidade, olhando para a frente se deseje voltar a ligar os elos de algumas correntes.)"

Pinho Cardão disse...

Claro que não há razão nenhuma para duvidar das razões de Esperanza Aguirre.
Melhor, há três, a necessidade de os jornais arranjarem produto informativo, a conveniência de os comentadores mostrarem uma ilustrada perspicácia e a obrigatoriedade de os políticos se hostilizarem mais uma vez e lançarem a desconfiança entre si.
E assim vivemos. Cada vez mais com políticos menos.

Ilustre Mandatário do Réu disse...

Cara Amigas,

Estou a ver que as mulheres também fazem posts e comentários sexistas.

Para memória futura...

Cumprimentos, IMdR

Suzana Toscano disse...

Caro Ilustre Mandatário, não sei se é sexista, por mim não tenho nenhum problema em ver as diferenças entre o comportamento dos dois sexos, coisa muito diferente seria qualificá-lo, depreciando ou elogiando, em função de quem protagoniza.

Ilustre Mandatário do Réu disse...

Cara Suzana Toscano,

Parece que estamos os dois com as luas trocadas. Mas acredito que em breve voltaremos a estar em fase!

A pessoa N diz que saiu da política porque teve um cancro e quer estar com a família.

Dizem duas outras pessoas do género de A: "Só uma pessoa do género B é que diria isto." Onde, por mero acaso, o género B é comum à elogiada e às elogiantes.

Se isto não é sexismo é generismo!

Só falta a terceira dama do 4R, que entretanto já saiu da lista de autores, ou a excelentíssima convidada vir dizer que sim que também concorda!

Cumprimentos, IMdR

Suzana Toscano disse...

Caro Mandatário, acontece :)! Quanto aos apoios, pois se vierem não me surpreenderão, qual é o problema de se tratar diferente o que é diferente? Eu não qualifiquei, insisto, até porque não creio que seja uma diferença qualitativa, é simplesmente uma expressão diferente na política, ou os assuntos de género, para usar a sua expressão, têm que ser escondidos?