A imprensa escrita já fez as suas páginas, mas o melhor será recorrer directamente à fonte.
Como assumi o compromisso de tratar o tema dos custos e do financiamento da educação em Portugal, deixo o
relatório da OCDE para análise e debate dos interessados. Entretanto vou trabalhando a informação.
9 comentários:
Portuguese children from families with low levels of education are least likely to attain a higher level of education than their parents.
Se isto não faz mexer ninguém para revolucionar o sistema a sério, depois de 35 anos de ensino público massivo, está na hora de subcontratar o serviço a quem o saiba fazer. Não consigo imaginar maior insucesso de um sistema público de ensino que este singelo indicador. Basicamente isto diz que o sistema público é pior que não ter sistema nenhum.
O comentário acima é de uma imbecilidade atroz.
No bairro onde eu nasci, nenhum dos pais tinha ido à escola. Os seus filhos foram do 6.º ano ao superior. Os seus netos estão TODOS a caminho do superior.
P.S. Mas, para evitar que o Toino Blair tenha razão, é pegar nesses alunos e colocá-los no ensino privado, de preferência nas escolas com melhor «ranking». Espera lá, não os aceitam; só as escolas privadas que estão nos últimos lugares do «ranking» é que os reclamam. Que chatice!
Deveria ser giro ver o Colégio Moderno, por exemplo, só frequentado por ciganos e malta dos PIEF e afins.
Stoudemire:
O meu caro é novo por cá, a avaliar pelos seus comentários, não me lembro do seu nome.
Portanto, ainda não conhece o espécime, o Sr. Cruz, parece que é este o nome da criatura.
O homem é um sabichão das dúzias, sabe tudo sobre tudo, tem sempre soluções mágicas ali à mão, qual canivete suíço.
Só não percebo porque nunca o convidaram para o governo, já tínhamos os problemas todos resolvidos: contas com superavit, empresas públicas todas encerradas, escolas todas privatizadas, as auto-estradas vendidas em pacotes ao metro aos polacos (parece que estão agora a construir algumas, era escusado tanto trabalho, era só colar os bocadinhos), e assim por diante.
A água, íamos buscá-la à fonte; um candeeirozito de azeite para nos alumiar; uma fossa séptica para as necessidades primárias; um guarda-costas para a segurança pessoal; um burro para as deslocações; etc., etc.
Nos tempos difíceis que correm é sempre bom podermos rir-nos sem pagar nada.
Tudo tem utilidade mesmo que à partida pareça absolutamente inútil.
Aproveite e ria-se.
P. S. Eu acho uma piada a esta gente. Quando se trata de avaliar a qualidade do ensino e dos diplomas, o ensino não vale absolutamente nada e saem diplomas na Farinha Amparo às catadupas.
Nó viemos de taxas de analfabetismo loucas, incomparáveis seja com que país for (dos minimamente decentes, não falo do Zimbabué), temos feito um percurso lentíssimo, difícil, com demasiadas fragilidades, uma delas o tão criticado (e com alguma razão) facilitismo, agora conclui-se o contrário: os pais são ilustradíssimos, os filhos analfabetos. Bingo.
Mas quando o mesmo Education at Glance regista algum ténue progresso, é logo posto em causa pelos mesmos que incensam estas conclusões.
Aos autores deste blogue:
"Vê que aqueles que devem à pobreza
Amor divino, e ao povo, caridade,
Amam somente mandos e riqueza,
Simulando justiça e integridade.
Da feia tirania e de aspereza
Fazem direito e vã severidade.
Leis em favor do Rei se estabelecem;
As em favor do povo só perecem."
Camões, Os Lusíadas, Canto IX (Parte I), Estrofe 28
O Cavaco Silva detesta a cultura. Foi um governo dele que censurou o Saramago e o Cavaco orgulhava-se de não saber quantos cantos têm os Lusíadas.
Quando foi primeiro-ministro, Cavaco atribuiu pensões a ex-inspectores da PIDE, um dos quais disparara sobre uma multidão concentrada à porta da sede da PIDE (na Rua António Maria Cardoso). O mesmo Cavaco que recusou dar uma pensão a Salgueiro Maia.
O estado laranja, liderado por Cavaco, criou gente como Dias Loureiro, Oliveira e Costa, Duarte Lima, José Luís Arnaut & amigos. Todas elas pessoas muito sérias.
Cavaco Silva é um reacionário que, como os autores deste blogue, nunca gostou do 25 de Abril e não gosta do povo e do Estado Social.
Passemos à frente e assumam as vossas culpas, pois que estes números escondem a enorme quantidade de licenciados e pós-graduados que se vêem obrigados a emigrar e que a direita sempre pactuou e acelerou.
Agora respondo ao tópico, depois de um comentário mais off-topic, depois de alguns anos a perceber a análise e objectivos dos criadores deste blogue, que a haver uma 4ª República (se alguma vez viesse a ser realidade) faria os regimes nazi e estalinista parecer paraísos de justiça, democracia e liberdade. "1. Não é possível comparar esses países asiáticos com Portugal. O comportamento dos alunos dentro da sala de aula nada tem a ver com o dos nossos. A cultura de valorização da escola nada tem a ver com a nossa. Esse tipo de comparações é falacioso; 2. Seria interessante que todos aqueles que têm intervindo na formação de professores, e contribuíram, indirectamente, para as performances medíocres dos alunos portugueses viessem fazer mea culpa pública por terem formado tão mal os professores. E como o post está eivado de amor ao Oriente, seguissem mesmo a velha tradição dos samurais, entregando-se ao ritual do seppuku, que poderia ser substituído, para os mais impressionáveis, pela devolução ao Estado dos salários auferidos na formação de professores. Isto deverá agradar ao David Justino e amigos, pois ajudará, e muito, a combater o défice. Ou a culpa deve morrer solteira?" (comentário que recebi de Jorge carreira Maia). Além disso
Pela parte que me toca agradeço ao João Soares o excerto dos Lusíadas. Sabe sempre bem recordar Camões, ainda que forcem o contexto.
Quanto ao que escreve à laia de comentário, meu caro João Soares, esta fase da minha vida dá-me para que sorria. É irreprimível, veja bem. O blogue também cumpre essa função, distrai-me. Umas vezes com o cómico de alguns posts e o divertido de alguns saudáveis debates que por aqui, em plena liberdade, se travam, quase sempre dentro dos parâmetros da boa educação. Outras vezes com comentários que por aqui surgem. Bem haja, pois, e apareça sempre.
Escolas públicas. Benchmarking. Há muita europa com quem aprender.
Alguns comentadores teriam razão, se os professores tivessem alguma liberdade para instruir, ensinar ou educar as crianças, mas os políticos e os pais não nos dão graus de liberdade em quantidade suficiente. Então, poderão perguntar-nos porque continuamos a ser professores. Há duas explicações. Primeiro, as crianças ficavam entregues, exclusivamente, aos políticos e aos pais. Segundo, os empresários portugueses não conseguem tirar rendimento das nossas formações e não há outros empregos para nós.
Há muitos anos que a carreira dos educadores de infância, dos professores do ensino básico e do ensino secundário é única. A admissão na carreira dá-se na mesma posição e o ritmo de progressão é igual (como é óbvio, sendo a carreira única). Frequentemente, naturalmente, os professores do ensino básico e do ensino secundário até são as mesmas pessoas. Como é que a ocde consegue observar salários tão diferentes?
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