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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Pera

Talvez por ter comido uma suculenta pera, lembrei-me de uma frase de um grande escritor português que considera que, para si, escrever é como uma pereira a dar peras. Mas há quem tenha o condão de pertencer a uma espécie e dar frutos de outra, o que é mais aliciante, porque é entrar no reino da fantasia ou da loucura, tanto faz, sempre é melhor do que enfrentar a realidade do quotidiano. Há, também, os que escrevem, não para dar peras, mas, para fugir, para atemorizar, para amar, para ofender, para criticar, para matar, para salvar, para se entreter, para seduzir, para enganar os outros ou a si próprio e para enlouquecer. Estes últimos não são comuns, talvez porque escondem os seus escritos ou por terem ainda algum resto de consciência de que podem contaminar os outros. Um louco não gosta que o imitem, quer o mundo só para si, o que não é difícil, porque sabe construí-lo à sua maneira. E fazem muito bem, pelo menos não tem que aturar a estupidez dos normais, que é incomodativa, sufocante e perfeitamente estéril.

2 comentários:

Anónimo disse...

Deliciosa esta sua reflexão, meu caro Professor. Venham sempre mais per(ol)as destas!

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Reconheçamos que à realidade do quotidiano falta a loucura da visão de mudança... e a própria «senhora»!
«E fazem muito bem, pelo menos não tem que aturar a estupidez dos normais, que é incomodativa, sufocante e perfeitamente estéril», e isto é muito, muito bom!
Dar pêras, também, embora dependa do tipo!