Com um intervalo de um dia, ouvimos Braga de Macedo dizer, um tanto exaltado, que, se não fosse a ideia da TSU, teríamos "chumbado" na 5ª avaliação da troika e ouvimos António Borges dizer que Portugal é um caso de extraordinário sucesso, mundial mesmo, único, um "case study" por ter conseguido em dois anos um ajustamento importações/exportações que nenhum país conseguira até agora. Ocorre-me a célebre frase do Rei de Espanha a Hugo Chavez....mas desta vez no plural!
23 comentários:
Toda a gente já reparou que o Governo está morto. O que acontece é que o cadáver apodrece e o PR ainda não se dignou de lhe passar a certidão de óbito sem a qual o enterramento não pode ter lugar!
Coitado do Santana Lopes!
Não percebo. Não é verdade que há um ajustamento extraordinário? Pelo menos é o que diz o INE no relatório sobre as contas trimestrais.
Se mandasse calar o António Borges por ter sido arrogante e mal-criado, eu percebia, mas por referir factos bem evidentes nos números (aliás já ditos também por Fernando Ulrich), não percebo.
henrique pereira dos santos
Cara Suzana Toscano
Desconhecia as declarações do Prof. Braga de Macedo.
Não deixam de ser surpreendentes, porque, na voragem dos acontecimentos já nos esquecemos da entrevista do chefe de missão da Troika, em especial quando, em inglês, qualificou a medida proposta pelo governo, hoje conhecida como TSU, de "criativa".
Neste contexto, as declarações do Prof. Braga de Macedo, que alude, são, pois, surpreendentes.
Cumprimentos
João
Uns crânios! Sem pinta de bom senso...
Muito bem dito: Que se calem!
Mas preocupa-me que sejam ouvidos!
É verdade que o ensino universitário deixou de ser universal, mas devia dar uma compreensão do que é universal, ao menos sobre o que tem a ver com a vida dos humanos.
Quem defendeu o ensino do xadrez na Universidade pensava em ensinar a pensar em pelo menos 4 jogadas, ao contrário do que parece ter sucedido com a TSU.
Le Point ontem e o Público hoje começam a insistir na necessidade do factor tempo nas decisões e soluções políticas para ultrapassar a crise europeia.
Porque o esfarelamento do tecido social pode acontecer muito depressa mas a recomposição da harmonia e do bem estar podem ficar definitivamente comprometidos.
Só há um problema no post da Dra. Susana: é que quer o Dr. Braga de Macedo quer o Dr. Borges têm razão, por muito que custe a muita gente admiti-lo.
Portugal está de facto a fazer um ajustamento extraordinário muito fora do comum e de uma dimensão invulgar, em situação de impossibilidade de adoptar desvalorizações monetárias, em tão pouco tempo. Este ajustamento era e continua a ser estritamente necessário porque acumulámos um defice externo (dívidas a quem nos emprestou ao longo dos anos para comprarmos trigo, petróleo, automóveis, computadores, etc...)que chegou a passar dos 10% do PIB. Isto significa que temos vindo a consumir anualmente cerca de 10% mais do que conseguimos produzir (tudo feito à custa de emprestimos...). E só podemos reduzir o défice externo procurando ter superavit na balança de pagamentos.
Daí a necessidade de encolher a procura interna (consumo, nomeadamente) e estimular a exportaçao e as empresas que trabalham nesse sector.
Daí a importância da medida de baixa da TSU para as empresas, que muita gente criticou, uns porque são contra sempre, outros por não perceberem, outros percebendo bem mas não querendo alimentar conflitos nas suas empresas, outros ainda percebendo mas preferindo cavalgar a onda de populismo que está na moda. Há ainda outros, sobretudo na comunidade académica, que honestamente criticaram a medida, apontando a sua reduzida eficácia sobre o emprego. Não é essa a minha visão, nem felizmente a de muitos economistas, gestores e empresários (e já agora também jornalistas - veja-se, por exemplo, o editorial do Jornal o Sol).
O Dr. Borges poderia ter usado uma expressão equivalente á que usou e que fosse menos agressiva. Mas estamos num tempo em que cada palavra dita por um membro do Governo ou de um seu próximo, é medida, pesada e analisada para se conseguir provar que tem algo de negativo...
Confesso que não vejo porque havíamos de chumbar. Então um aluno tão bom, tão certinho que até estuda mais do que lhe é pedido - diz a troika, diz o ministro alemão, dizem estes génios - só porque a 5ª frequência lhe corre um "pouquinho" mal, era logo chumbado?! Ainda para mais quando está a seguir o plano de estudos preparado pela troika?!
Quanto ao ajustamento "import/export" ele é notável sim, mas está a ter um preço que espero não venha a ser demasiado elevado. E não resisto a perguntar ao Prof. Borges quantos postos de trabalho criou até hoje como empresário? E quantos destruiu até hoje como consultor de "alta direcção"?
E, já agora, "calem-se"! Ninguém votou em vós!
O engraçado disto tudo é que o srº diz que Portugal é um "case study" e diz ao mesmo tempo que os empresários são ignorante!...
E não estarão ambos com a razão, cara Drª. Suzana?
Vejamos; a Espanha neste momento, regista um superavit, resultante da forte baixa das importações.
A aplicação da TSU, previa-se que, para além de não ir resultar em aumento da dinâmica produtiva e económica do país, iria diminuir o poder de compra dos trabalhadores. A consequência, seria então, muito provávelmente, o abaixamento das importações, sobretudo nos bens de consumo importados; gerando por último, o excesso de receitas que aos cofres do nosso ministro das finanças, tanto jeito daria atingir.
;))
(desculpe a gracinha... eu tenho consciência que o assunto é sério, mas como parece que toda a gente se entretem a brincar com ele... olhe, deixei-me ir na "onda" também.)
Caro Bartolomeu, previa-se quem? A MFL? O Cavaco? Quem é que previa o que diz?
Neste momento aquilo que se prevê é o fim da república portuguesa. Acho que vocês vão ter que sair do euro. Mas fiquem sabendo que vão sozinhos, eu não vou. A minha empresa não vai. O meu banco tb não. A Europa não me vai expulsar do euro. Portanto, acho bom que se comecem a compenetrar daquilo que se prevê....
1.Faz-me confusão como é que o nosso amigo Tonibler sustenta que a baixa da TSU para os empresários compensada pelo abaixamento do salário é nesta conjuntura e só pr si fator de desenvolvimento da economia!
2.O fato da balança comercial apresentar situação favorável não é só por si indicador de que o país esteja no bom caminho.
2. Não há outro, caro jotaC. A sua alavancagem mede-se em função da capacidade que tem de gerar riqueza. O meu caro até pode decidir para si que o indicador importante é o número de bicicletas per capita, os seus credores só vão olhar para o número de euros que deve face ao número de euros que consegue ganhar. Como o banco faz consigo. Empresta-lhe em função daquilo que ganha, não em função daquilo que pensa ser importante
1. Ninguém disse isso. Aquilo que disse, vou continuar a dizer, é que a medida é, nos pior de todos os casos, neutra. Mas agora é irrelevante, como provavelmente qualquer outra medida. A republica vai acabar.
Não entendo de que forma irá o caro Tonibler manter-se no euro, se eventualmente Portugal sair. A não ser que este na posse de informações secretas, acerca de movimentações para dividir o país em 2... ou mais estados.
Se for esse o caso e o caro Tonibler se mantiver na zona a manter-se no euro, presumo que irá arcar com a responsabilidade da totalidade da dívida nacional.
Mas mesmo que esteja a ver mal a coisa e que "os" do novo Estado, fiquem isentos dessa responsabilidade, diga-me; está mesmo convencido que sobreviverá?
;))
Eu não vou sair do euro. As minhas poupanças estão todas em euros fora de Portugal, neste momento no Luxemburgo. O meu banco não vai sair do euro, o dinheiro que lhe devo está em euros e para eles me emprestarem pediram euros emprestados, provavelmente ao BCE. A minha empresa não vai sair do euro, vão continuar a facturar em euros para me pagar em euros. Os clientes da minha empresa vão continuar no euro.
Quanto à questão da divida. Um estado falido é uma entidade falida. Já se sabe o que fazer nessas situações. Como podemos passar a pagar impostos a outra entidade, essa questão não é relevante.
Devo esclarecê-lo, caro Tonibler, que o comentário com o nick "crotalus" foi escrito por mim, no pc do meu filho mais novo, sem ter prestado a devida atenção à questão da identificação.
Agora quanto ao seu último comentário, peço-lhe encarecidamente o favor de me explicar, de que forma pensa manter-se em Portugal - se este vier a saír do euro - usando as suas poupanças... em euros.
É que, e mesmo sem precisar de fazer eco da opinião daquele conselheiro britanico, se o nosso país saír, ou melhor, se for expulso do euro, a Europa Umida "já era", os euros "já eram", os bancos "já eram", as multi nacionais "já eram", etc, etc, etc.
Portanto, meu caro, tome este conselho: se tem economias em euros, trate de convertê-las rápidamente em rands ou dolars australianos ou... se for um homem de fé, em reaes do brásui... em última instância, sempre pode gasta-los com umas molatinhas e acabar a vida em beleza.
;)))
Caro Bartolomeu,
Se calhar é mais difícil o estado português se manter em Portugal que eu... Acha realmente que os portugueses vão escolher um estado falido a um estado europeu prospero? A título de quê? Já reparou que a união continua a tratar os cidadãos portugueses e as empresas portuguesas como como europeias? Porque é que acha que é a união que será expulsa e não o estado português?
O mecanismo de saída do euro é esse, o outro, o violento, vai dar ao mesmo.
Aos portugueses não é dada oportunidade de escolher, seja o que for, caro Tonibler.
Neste momento, Portugal e os portugueses, estão espartilhados pelo poder económico internacional, aquele que lhe compra a dívida e que o fila pelo pescoço, sem dó nem piedade.
E a solução não se encontra, a meu ver, em medidas como a da aplicação de reduções de taxas, suportadas pela deminuição de salários. Também não se encontra no aumento da produção, tão pouco na renegociação da dívida, estendendo-lhe o prazo ad-eternum.
A solução, encontra-se unicamente no perdão da dívida e em começarmos tudo de novo. E "tudo" quer dizer em primeiro lugar, produzir para o mercado interno, adquirir a auto-suficiência, crescer em qualidade e exporta-la. A nossa recuperação económica e a nossa sustentabilidade, têm de adquirir uma forte base, os empresários portugueses têm de perceber que tudo tem de ser refeito, usando aquilo que temos de melhor, requalificando-o, tornando-o extremamente desejável aos olhos dos potenciais compradores estranjeiros. Temos de nos destacar pela qualidade e esquecer a treta da competitividade.
Não temos estructuras de produção que nos permitam competir com países melhor equipados e melhor organizados, detentores dos mercados.
Aquilo que pode gerar riqueza para o país, tem de ser aquilo que os outros países não possuem ou que não conseguem obter com a mesma qualidade que temos de ser capazes de produzir para lhes oferecer, seja em euros, ou em patacas.
;)
Caro Bartolomeu,
O poder económico internacional são os biliões de pensionistas do mundo inteiro, os biliões de depositantes e trabalhadores do mundo inteiro que colocam as poupanças em bancos que investiram num estado com o pressuposto de que lhes iam pagar. Ninguém lhe vai perdoar dívida nenhuma, isso não existe. Ninguém está disponível para dizer a um pensionista que trabalhou toda vida que vai perder as poupanças porque o presidente de uma república de trampa não quer perder um subsídio. Coloque-se na pele de quem empresta o dinheiro e percebe da enorme imoralidade de tudo isto.
Esse tudo de novo não existe. O tudo de novo não vai recuar 9 anos. Vai recuar 900. Nós não vamos fazer nada porque aquilo que o TC e o PR mostraram é que só há nós quando quem paga sou eu. Se o Gaspar conseguir, porreiro. Senão, esqueça o 'nós'. Nós só temos um problema e esse problema não é Portugal, é a república portuguesa. Eu já não vou deixar de ser europeu, ninguém vai deixar de ser europeu. Se o Gaspar não conseguir, Portugal não sai do euro, o estado português é que vai deixar de pagar aos funcionários em euros e aos poucos vai desaparecer na sua inutilidade.
É a sua perspectiva, caro Tonibler, que obviamente respeito, mas com a qual não concordo.
E quando diz que os biliões de pensionistas depositaram as poupanças num banco, que por sua vez investiu na dívida pública de um país de trampa, está na minha perspectiva a projectar uma visão completamente errada acerca do poder económico internacional e do sistema pelo qual se rege.
Esta questão é muiiiito mais vasta e ultrapassa grandemente os depósitos dos pensionistas, e o caro Tonibler sabe isso imensamente melhor que eu, que me limito à minha agricultura de subsistência e à contemplatividade (actividade de contemplar).
;)))
Não é errada, não meu caro. O poder é feito de controlo, não da propriedade, como todo o comunista sabe por isso reclama a propriedade comum para ele a poder controlar. Esse foi o erro original de Marx e de todos aqueles que julgaram ser o comunismo o caminho para o nirvana. Mas a propriedade está lá. O poder económico internacional é poderoso porque controla a propriedade de muita gente e quanto mais gente mais poderoso. No fim do dia, o dinheiro que nos foi emprestado são poupanças de pensionistas e pequenos aforradores, mesmo que o controlo desse dinheiro seja feito por poderosos banqueiros. E o poder dos banqueiros é baseado na percepção dos pequenos depositantes de que não vão perder o dinheiro deles.
De resto, agricultura de subsistência é aquela que faço no meu quintal de 100 m², não naquele imenso latifúndio de onde o meu caro observa meio Portugal...
Devo confessar-lhe, caro Tonibler, que simpatizo muitíssimo com a filosofia Marxista. Digo-lhe mais, não fosse a ganância humana e a sua aplicação levar-nos-ia, com certeza a esse estado superior que tanto ansiamos e para o qual, aquele rapaz da Galileia tanto se empenhou em nos direccionar.
Mas não diga que a minha agricultura não é de subsistência, porque está a falsear os dados da equação. Aliás; logo que termine de escrever este comentário, irei matar duas galinhas do campo, criadas sem corantes, nem conservantes, nem emulcionantes mas antes, com tudo o que é natural.
Convido-o para degustar um arroz de cabidela, com a garantia de que não entrará na preparação, uma gota de sangue de pensionista. Aceita?!
;)
Aceitaria com entusiasmo há 3 anos, antes de ter deixado de comer carne. Como vê, o meu quintal não produz galinhas:) O meu caro além de industrial agrícola é também um tubarão da pecuária!
Deixou de comer carne, caro Tonibler?! Mas como; Alterou a sua qualidade de mamífero?!
Olhe que não foi por nada que Deus ordenou a Noé, que enchesse a arca com um casal de cada espécie... Ele estava a pensar em si, quando deu a ordem ao Noézinho!
Mas pronto, deixe isso para lá, o acontecimento é antigo e entretanto, muitas coisas se podem ter alterado.
Agora, quanto ao resto, é imperativo que alisemos aí algumas arestas, a saber: não me classifique de industrial agrícula, nem de tubarão.
Estou registado na "não-sei-o-quê" da agricultura de Torres Vedras, como criador de bovinos, ovinos, caprinos e suínos, mas, não exerço. Os tipos exigem uma quantidade enorme de requisitos e eu, sou mais low profile, ou terra-a-terra, como preferir. Tudo, fruto da educação que recebi desde criança, em que os valores que me foram incutidos, tinham a ver exclusivamente com o respeito pelo outro e, pela defesa dos mais fracos. Estes princípios fizeram com que passasse quase todo o tempo escolar a "malhar" nos reguilas que se queriam impor aos mais medrosos e por conseguinte, a fazer com que os meus pais recebessem constantemente convocatórias para reuniões com os professores. Mas tubarão... nunca! Nem que as otárias venham de encontro às minhas mandíbulas!!!
;)))
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