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quinta-feira, 28 de maio de 2009

COSEC; projecto CHAVISTA foi para a gaveta?

1. Depois das entradas de leão, com a promessa arrojadíssima, típica do grande líder bolivariano, de nacionalizar a COSEC a qualquer preço, parece ter-se entrado numa fase de silêncio sobre essa aventura...deixou de se falar no assunto desde o início da pretérita semana o que, para o ritmo crepitante dos acontecimentos da actualidade, equivale a uma eternidade…
2. O último episódio conhecido data de inícios da semana passada, quando foi noticiada a ameaça de nacionalização “forçada” – já não “amigável” como na primeira e fantasiosa versão – caso os actuais titulares do capital da COSEC quisessem receber um valor “excessivo”
3. Não deixa de ser irónica a referência a um “valor excessivo” depois de o próprio Governo ter afirmado antes que um dos titulares de 50% do capital havia aceitado as condições oferecidas...!
4. Acontece que o outro accionista é germânico, conhece o negócio do seguro de crédito como muito poucos, disse que não quer vender – alguém vai acreditar que o Governo pode impor a esse accionista as condições que entender?
5. E a retaliação do lado da Alemanha, já se pensou nisso?
6. Será esta a melhor altura para desencadear um conflito de nacionalizações de tipo “chavista” com a Alemanha? Estará Portugal nas melhores condições para se meter num sarilho desse tipo?
7. Tenho a percepção de que o Governo terá finalmente percebido que iria envolver-se numa aventura muito mal calculada, talvez mesmo uma desventura dolorosa, se fosse por diante com seus intentos “chavistas”…só para fazer a vontade aos Presidentes da AEP e da AICEP…que, por sinal, nunca mais falaram do assunto…
8. Poderá ser esse o significado do silêncio que agora se abateu sobre este dossier...
9. Se assim for, só posso dizer: ainda bem!...Apesar da enorme insensatez de todo o discurso governamental em torno deste tema, sempre é preferível que a insensatez se fique pelo discurso e não suba ao plano das decisões irreversíveis...até para não punir ainda mais os tão sacrificados contribuintes...
10. Parece pois, salvo pior, que o dossier COSEC, na sua versão “chavista”, terá finalmente entrado na fase da gaveta…a ver vamos.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro Tavares Moreira, e os danos causados ao investimento pelo medo que esta loucura da COSEC causou? Diga-me; continuaria a pensar investir alegremente num país onde não tinha a certeza de que o governo, um belo dia, não se lembrava de lhe nacionalizar o estabelecimento?

Adriano Volframista disse...

Caro Tavares Moreira

Talvez seja o momento adequado para se reflectir sobre como o Estado e o modo como tem sido gerido nestes dez últimos anos.
A COSEC estava nacionalizada, mas comportava-se como uma empresa privada no que à sua actividade se refere.
A privatização numa época de euforia serviu, objectivamente, para encaixar alguns cobres e enviar uma mensagem aos operadores: o Estado português considera que as ajudas à exportação são desnecessárias; as razões que fundametam essa decisão (privatização) nunca foram claras.
É curioso que, já na altura da privatização, outros países europeus (com os quais gostamos de nos comparar -e imitar (mal)), seguiam uma via diversa, seja criando empresas públcias, seja reforçando os apoios concedidos pelas empresas (públicas) que se dedicam à mesma actividade da COSEC.
Agora que estamos em crise rogamos por Santa Bárbara.
Cumprimentos
joão

Ruben Correia disse...

Caro Dr. Tavares Moreira, parece que o habitual procedimento de lançar ao vento umas promessas arrojadas e depois deixar a coisa diluir-se em nada será, neste caso, muito bem vinda.
O que mais me preocupa é o facto de pessoas sérias e ponderadas (não é preciso nomear...) começarem a evidenciar uma óbvia impaciência e incompreensão pelos desvarios deste equipa governamental, comparando-a, com inquietante propriedade, a um dos mais perniciosos (e dentro em breve desastrosos) regimes do planeta. Esta esquerda "moderna" aparenta sê-lo apenas na roupagem...

Tavares Moreira disse...

Caro Zuricher,

Há muito que passei a fase de investir alegremente...não me recordo tampouco desse tipo de alegria...
O investimento, na genial definição de Pierre Massé, pai do planeamento económico em França, seria uma "aventura calculada".
O investimento em Portugal, nos tempos que correm, poderá ser uma "aventura incalculável"...

Caro João,

Com o devido respeito, existe uma pasagem do seu comentário que não posso subscrever: que a privatização significou que o Estado deixou de considerar necessárias as ajudas à exportação...
Não esqueça, por favor, que a cobertura dos riscos "políticos e extraordinários" continuou a ser efectuada pelo Estado ao abrigo de linhas de crédito devidamente aprovadas pelo Governo.
Portanto o apoio do Estado não depende da titularidade do capital da COSEC, mas sim da disponibilidade para assegurar coberturas para esse tipo especial de riscos...
Os apoios do Estado à exportação até poderiam ser mais elevados com a COSEC em mãos privadas.

Caro rxc,

Este episódio da aventura chavista da COSEC traduz na minha análise uma enorme imaturidade de responsáveis públicos...salvo quando devidamente aconselhados, como terá sucedido entretanto neste episódio (...), evidenciam uma enorme dose de impreparação.