Nota
prévia: Texto adaptado de versão francesa
cuja origem desconheço. Pede-se ao leitor que o aceite na precisa situação concreta, não extrapolando para situações
de diferente natureza.
A
formiga trabalhou, sem descanso, todo o verão, construiu a sua casa e preparou as provisões para o
inverno, enquanto a cigarra se limitava a cantar e a
dançar e a troçar do trabalho da formiga. Chegado o inverno, a formiga estava quente e bem nutrida. A cigarra,
tremendo de frio e fome, organiza então uma conferência de imprensa e pergunta
publicamente por que razão a formiga tem direito a estar quente e alimentada,
enquanto os outros, como ela, passam frio e fome.
Como
resultado, as televisões começam a organizar emissões em directo que mostram a
cigarra faminta e cheia de frio e a formiga quente e confortável e com a
dispensa cheia de boas provisões.
Os telespectadores ficam chocados e perguntam-se como é possível, num mundo tão moderno e
rico, haver desigualdade tão gritante. E logo várias organizações humanitárias convocada
por e-mail iniciam manifestações contínuas junto à casa da formiga.
Seguem-se
debates nas televisões, em que se pergunta como foi possível que formiga tenha
assim enriquecido à custa da cigarra e ao governo é exigido um aumento de
impostos sobre o rendimento e a riqueza das formigas, com vista a uma adequada política de redistribuição que favoreça as cigarras. Entretanto, continuam as
manifestações diante da casa da formiga, agora alargadas aos sindicatos e confederações sindicais, aos
partidos de esquerda, aos intelectuais e escritores de canções, à comunidade da
cultura. Exprimindo o seu mais veemente desacordo, os
Sindicatos da função pública organizam uma greve diária de 60 minutos como
protesto, e por tempo ilimitado, até o problema ficae resolvido.
Um escritor da moda, que não dispensa caviar, mas muito, muito de esquerda, escreve
um livro demonstrando as ligações entre a formiga e os torcionários nazi-fascistas.
Seguem-se
sondagens, com amostras criteriosamente escolhidas, que exprimem o repúdio pelas
degradantes condições de vida da cigarra e a opulência da formiga e exigem medidas imediatas do governo.
(continua)
21 comentários:
Já agora, caro Pinho,
dentro do mesmissimo contexto, não se esqueça de colocar na sua estoria algumas declarações da Cigarra, na tal conferencia de imprensa.
A Cigarra perante os jornalistas afirmou o seguinte:
Pedro Passsos Coelho dixit:
"O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento "
e ainda:
“se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas."
NOTA FINAL : o caro Pinho, leva jeito na "esrita creativa" e em "ficção cientifica".
Estou ansioso pelo final da sua estoria...fazendo votos para que a mesma não termine em algo do tipo : "No final morreram todos!"
Era uma vez, um Mundo.
Um mundo de fantasia, constituído por reinos fantásticos, habitados por fantasiosos personagens.
Alguns desses reinos, possuíam vacarias imensas a abarrotar de vacas gordas, que por dia, produziam milhares, milhões, biliões, pentaliões de litros de leite. Os fantasiosos personagens, donos dessas gordas vacas, já não sabiam o que fazer a tanto leite quando, um deles, apresentou uma fantástica ideia: «Vamos ter com os fantasiosos habitantes dos reinos das vacas magras e oferecer-lhes ajuda para se igualarem a nós, na produção de leite.
Alguns donos de vacas gordas, acharam a ideia estapafúrdia, mas os outros rápidamente os convenceram, demonstrando-lhes que a ajuda que iriam prestar aos das vacas magras iria ser paga em amonjos de oiro.
Aos donos das vacas magras, os das vacas gordas convenceram de que iriam ficar ricos como eles, bastaria que permitissem receber a generosa e fantástica ajuda.
Depois de combinados os pormenores, começaram a chegar aos reinos das vacas magras, imensas bilhas de leite. Todos andavam felicíssimos, nunca ninguém tinha visto tanto leite junto, de tal maneira que os distribuidores do leite, já nem sabiam o que lhe fazer.
Mas, um dia, juntou-se um bando de corvos-larápios e gamaram os queijos que alguns tinham feito com o leite que tinham recebido e, piraram-se com eles para a floresta da Madeira, das Caimão e da Suíça, deixando os donos das vacas magras a tenir.
(continua)
Provávelmente, "continua" tudo igual ao que estava antes, excepto as vacas magras, que de anoréticas, passarão a cadavéricas em menos de um piscar de olho dos corvos-larápios, à raposa matreira que os protege...
Presumo que as cigarras sejam os 900.000 desempregados, os cerca de 60% de trabalhadores cujo rendimento do seu trabalho não dá sequer para ser abrangido pelo IRS, os 20% de pobres, os reformados e pensionistas que recebem pensões inferiores ao salário mínimo e que, por outro lado, as formigas sejam aqueles que almoçam no Tavares ou recebem de aposentação 170.000 euros por mês ou que possuem vencimentos superiores a 50.000 euros mensais ou que pagam impostos na Holanda e põem o seu dinheirinho nos offshores e especulam nos mercados.
São muito poucas estas formigas, prá aí 10% ou menos do total da população, mas 90% dos cidadãos devem render-se ao seu esforço e agradecer-lhes os despedimentos que acontecem todos os dias, a falta de emprego sobretudo dos jovens e que os obriga a emigrar, o estado a que chegou o país devido ao seu domínio financeiro e ao modo como o exercem.
Na verdade, “os ricos são a parte dinâmica da sociedade. Deles é que saem as iniciativas racionais de investimentos baseados em critérios lucrativos. Irrigam com seus capitais a sociedade inteira, assegurando sua prosperidade. Os homens não nascem iguais, nem tendem à igualdade. Logo, qualquer tentativa de suprimir a desigualdade é um ataque irracional à própria natureza das coisas. Deus ou a natureza dotou alguns com talento e inteligência mas foi avaro com os demais. Qualquer tentativa de justiça social torna-se inócua por que novas desigualdades fatalmente ressurgirão. A desigualdade é um estimulante que faz com que os mais talentosos desejem destacar-se e ascender ajudando dessa forma o progresso geral da sociedade. Tornar iguais os desiguais é contraproducente e conduz à estagnação. Segundo W. Blake: "A mesma lei para o leão e para o boi é opressão!".
Bravo Pinho Cardão.
E agora, como fica a alternância democrática?
http://existenciasustentada.blogspot.com/2010/09/15-alternancia.html
No kidding!
Cigarras & Formigas.
Retenho esta fábula desde a infância e juventude na Cova da Beira.
Um conto que faria bem ser comentado nas escolas.
Contudo, as formigas com capacidade de poupança, onde estão habitualmente?
Creio que ainda poderemos encontrar algumas:
Na administração do Banco de Portugal, quanto a pensões especiais de reforma;
No próprio Tribunal Constitucional, idem aspas;
Nos gabinetes governamentais, quando encomendaram estádios e auto estradas à resma.
Somos assim.
And so on.
Já perceberam porque é que as cigarras e as formigas nunca devem andar juntas?
Espero que o FMI esteja a fazer o inventário....
Dr. Pinho Cardão
Quer-me parecer que haverá um aumento de impostos sobre o trabalho e a poupança das formigas e um alargamento do acesso ao RSI e a outras prestações sociais para proteger as cigarras. A s formigas perdem os seus empregos e engrossam o grupo dos desempregados agora a braços sem rendimentos para satisfazer os seus compromissos e assegurar as necessidades básicas com as mãos do seu trabalho. E depois, aguardo a continuação…
Caro Carlos Sério:
O meu amigo pode presumir o que bem entender, é livre de o fazer.
Claro que não é legítimo extrapolar da precisa situação concreta, concluindo para situações de diferente natureza.
Mas, também neste caso, conclusões e extrapolações é com cada qual. A mim é que não me mete ao barulho.
Caro Pedro:
Bom, terá que moderar essa sua ansiedade por mais um tempito...é a vida!
Mas não vão morrer todos, isso não. Para tragédia, já basta a que temos. E nas minhas histórias os bons sobrevivem sempre.
Caro Bartolomeu:
Pois muito bem, temos outra história paralela e de enorme suspense!...
Sacanas dos corvos que levaram tudo...Mas, se elas levaram tudo, o que é que ainda andam cá a fazer? Talvez a conclusão o diga. Se não, é um enorme mistério. Pois se já levaram tudo, o que é que ainda podem levar?
Cara Margarida:
Talvez sim, talvez não...mas agora não digo...
Caro BMonteiro:
Há poupança para além do que diz. E trabalho de muitos. E é ele que ainda faz o país andar.
Caro Tonibler:
Claro que é um bom conselho dado às formigas. Porque pode haver sempre o perigo do aculturamento...
Caro Gonçalo:
No geral, muito bem visto. Gostei.
A fábula contada pelo Sr.Jean de La Fontaine que, em 1647, era gestor das águas em França. Se fosse português, hoje, certamente seria uma daquelas formigas nomeadas pelo governo para águas de Portugal a ganhar um ordenado de formiga cerca de 6.000 euros, mas detentor de um cartão do PSD ou do PS, com certeza.
Caro Pinho:
Assim sendo fico mais descançado pois se nas suas historias os bons salvam-se sempre...pelo menos pelo menos...nós dois tamos safos.
já as "cigarras com pele de formiga", não terão a mesma sorte....e cheira-me que serão hoje em dia demasiadas!
Caro Bonaparte:
Creio que está completamente errado. Normalmente quem assume lugares desses devido a cartão partidário não é formiga, é cigarra. Das autênticas.
Caro Pedro:
É isso mesmo. Com a frequência do 4R, o meu amigo vem-se tornando cada vez mais clarividente. Com uns tropeções pelo meio...mas é a vida!...
Os corvos são aves insaciáveis, caro Dr. Pinho Cardão.
E... acabando-se-lhes o queijo, não lhes causa incómodo, alimentar-se das carcaças das vacas-magras, mesmo que em estado de putrefacção.
A título de curiosidade e agora num registo diferente, dou-lhe nota de que tenho constatado o surgimento de mais corvos na zona onde habito. Atribuo o facto à ainda qualidade ambiental e à proliferação de vários animais da sua predilecção.
Mas, garanto-lhe: corvos e raposas, fazem uma equipe de se lhes tirar o chapéu.
Está fábula é simpática, no entanto demasiadamente pueril para ilustrar o momento presente, prefiro por isso o "triunfo dos porcos", sejam eles do norte ou do sul...
Pois é....caro Pinho,
só não tropeça e cai quem não avança ou quem não tem a espinha direita!
quem tem o orgulho de falar e andar de cabeça erguida, sabe que tropeçar e cair faz parte do caminho!
...mas antes isso que que andar curvado ou rastejar! Esses são os que nunca caiem.
Ou seja: só quem não se eleva, nem nunca se levanta!
Quanto á clarividencia, que sublinha e associa á frequencia do 4R...só lhe posso dizer o seguinte (em jeito de provocação e sem malicia):
Leituras creativas e de ficção cientifica são otimas para alargar o espirito e os horizontes! deve ser por isso...!
,o)
Caro Pinho Cardão
Os meus parabéns pelo seu post. De uma forma simples demonstra a utilidade e a eficácia de um sistema de impostos, algo que, manifestamente, falta na sua estória; terei de concluir que, a ausência de impostos, é a fonte de todos os problemas que a estória aponta.
Dito isto, não será a altura de analisar os efeitos benéficos dos impostos, como instrumentos de pacificação social.
Cumprimentos
joão
Desde logo, mano, estamos perante dois seres ociosos, na sua visão estreita, pois toda a fábula, na interpretação neoliberal, assenta na oposição verão = trabalho / inverno = dissipação do capital acumulado, o que implica uma nova pobreza no início da primavera.
Seja como for, não é por acaso que a formiga é recuperada pelo sistema capitalista. Porquê?
Não Senhor Pinho Cardão, essas são aranhas (Myrmarachne)que se fingem formigas, vivem da trapaça e à conta do erário público.
São aranhas autênticas, teceram fios nas lideranças do PS e do PSD, criando teias que tolheram formigas e cigarras.
http://scienceblogs.com.br/rainha/2008/10/myrmarachne/
Caro jotaC:
Fábula é fábula, aplica-se a todos os momentos e a nenhum especial. E eu avisei que era assim. Extrapolações faça-as que quiser; eu é que não estou nelas.
Caro Pedro:
De facto, ler não faz mal a ninguém, faz até muito bem, desde que a leitura não seja tóxica...
Como, naturalmente, o 4R.
Caro João Jardine:
Não há nenhuma "estória" em que caiba tudo. Nem nas fábulas. Mas cabe lá muita coisa...
Quanto ao valor social dos impostos, serei o último a negá-lo. Na justa medida, claro está, isto é, na medida em que não acabe com a galinha. Porque, sem galinha, também não há ovos!
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