Sempre que
encontrava o Zé, ele vociferava contra o médico que lhe tinha amputado a perna,
insultando-o a ele e a toda a família. Esquecia-se, porém, de que tinha sido o
tratamento do barbeiro e a sua própria incúria a deixar gangrenar a perna. Nada
havia a fazer e cortar a perna era o que qualquer médico faria para lhe salvar
a vida.
Podemos
discutir se um melhor médico lhe teria deixado mais um centímetro de perna, mas
no essencial a perna teria de ser cortada.
Claro que é
sempre mais fácil culpar o médico do que o barbeiro. Porque não foi o barbeiro
a cortar a perna.
12 comentários:
E quando se curam as pessoas, as loas vão direitinhas para a Nossa Senhora, habitualmente a de Fátima, sem desprimor para as restantes. Médico serve para isso mesmo, ser o cepo das marradas ou ser preterido pela Santidade. Vá lá que mesmo assim ainda vai caindo uns queijitos, umas garrafas de tinto ...
Estou a ver, caro Professor, que, mesmo assim, os médicos são gente cheia de sorte. Levam queijitos e tinto, enquanto Nossa Senhora só leva umas velitas e... recicladas. Veja lá se fosse o contrário!...
Credo Pinho Cardão! Velas? Não aprecio muito o cheiro.Prefiro o "fumo" do tinto e o "cheiro" do queijo.
Caro Pinho Cardão,
É uma analogia um pouco "excessiva"...
A menos que começássemos por cortar a Madeira. E aí até o Zé agradecia a perna de pau que o médico lhe deixasse.
Caro Professor:
De facto, Nossa Senhora tem menos sorte...
Caro Jorge Lúcio.
Analogias cada qual toma as que quer...
Eu só contei a história.
No entanto, caro Dr. Pinho Cardão, médicos ha que, assim que montam consultório arvoram em deuses e em salvadores da saúde, militantes e abenegados combatentes contra a doença. Esses médicos, quando recebem um doente com a perna gangrenada afiançam ao doente que: apesar de o barbeiro ter feito asneira, ELE irá salvar-lhe a perna; quanto muito, irá ter de cortar-lhe um dedo do pé. Quando se vai ver, já o desgraçado do doente não tem uma perna e está em risco de ficar sem a outra. É nessa altura que o doente ajoelha frente ao altar e pede desesperadamente à Virgem que o salve.
Ou então, junta-se um punhado de doentes-perneta - vítimas desses barbeiros e desses médicos-malabaristas - em frente à casa do médico e, olhe... é um fartar-vilanagem acompanhado de um churrilho de asneiras, das quais a mais leve é "gatuno".
Como escrevia o nosso caro professor Massano Cardoso, à dias, em resposta a um comentário meu: somos humanos e os humanos reagem como humanos, não se pode esperar outra coisa, sobretudo quando os humanos ficam amputados.
Caro Pinho,
É já dificilimo, senão mesmo impossivel, diferenciar o seu "medico" do seu "barbeiro".
E no entretanto,uma coisa é certa, com perna ou sem perna, facto é que nenhum deles estancou ainda a "gangrena" que a todos nos afecta.
Caro Pedro:
Engana-se, caro Pedro, nem médico, nem barbeiro são meus, são personagens de todos os tempos e de todos os lugares.
Caro Bartolomeu:
Tem toda a razão. Mas não pode esquecer também a culpa do doente que, em primeira mão, escolheu o barbeiro.
É verdade, caro Dr. Pinho Cardão.
Efectivamente, o doente escolheu o barbeiro mas, recordar-se-à o meu estimado amigo que essa escolha foi forçada, dado que o médico que anteriormente o tratava, decidiu abandona-lo e entrega-lo às mãos de um barbeiro-charlatão, ou Santanão ou lá o que era que se não fosse um certo acenourado, tinha transformado o consultório num "elefante branco" com tromba e tudo.
"seus" no sentido dos "direitos de autor" da alegoria. era só isso!
mas embora não a tenha referido, a "gangrena" é mesmo nossa - tanto do autor, como dos leitores - e convinha estancam-la, pois já andamos "mancos", e por este andar...
...enquanto olhamos para os "barbeiros" e os "medicos", daqui a mais levam-nos a outra "perna"...
e acabamos a "rastejar"! (o q não deve faltar muito, atendendo á quantidade de gente que já "anda de cócoras" !)
Pinho Cardão disse: «Caro Jorge Lúcio.
Analogias cada qual toma as que quer...
Eu só contei a história.
23:56»
Caro Pinho Cardão, já é tradição sua: lança o mau cheiro e depois afasta-se, deixando os outros a apontarem-se o dedo. No final, nem fod* nem sai de cima.
Ainda vamos voltar a isto:
Levando um velho avarento
Uma pedrada num olho,
Pôs-se-lhe no mesmo instante
Tamanho como um repolho.
Certo doutor, não das dúzias,
Mas sim médico perfeito,
Dez moedas lhe pedia
Para o livrar do defeito.
"Dez moedas! (diz o avaro)
Meu sangue não desperdiço:
Dez moedas por um olho!
O outro dou eu por isso."
Enviar um comentário