1. Limito-me a transcrever passagens de uma notícia inserta na edição de ontem do F. Times intitulada “Bank of Greece officials quit over cuts”(pág. 7 da edição em papel).
2. A notícia tem como tema principal a saída voluntária de um número significativo (45) de quadros do Banco Central da Grécia (45) - 5 dos quais de nível mais elevado como o Director do Departamento de Supervisão Bancária - atingidos por fortes reduções de salários.
3. Os salários no Banco vão ficar reduzidos a um máximo de € 5.000 mensais antes de impostos, o que, aos níveis de tributação aplicáveis, lhes deixa um salário líquido mensal de € 2.900. Reformam-se antecipadamente e irão certamente procurar trabalho noutro local.
4. Mas a notícia acrescenta que os salários no sector público e as pensões de reforma vão contar cerca de € 5,8 mil milhões dos € 9,4 mil milhões de redução de despesa orçamentados para o próximo ano, medida aprovada pelo Parlamento grego na última 4ª Feira, com o apoio explícito do Partido Socialista.
5. As medidas aprovadas, incluem cortes de 5 a 35% nas pensões e nos salários dos funcionários públicos, aumentos de impostos e custos mais elevados pela utilização dos serviços do SNS grego. A idade de reforma será aumentada de 65 para 67 anos, para os trabalhadores mais novos.
6. Mais especificamente, juízes, professores universitários, oficiais da polícia e das forças armadas e médicos do SNS, todos estarão sujeitos a cortes salariais entre 10 a 25%, depois de já terem sido sujeitos a cortes de 25 a 30% em anteriores rondas do processo de ajustamento orçamental...
7. Por sua vez, os funcionários das autarquias locais sofrerão os cortes mais acentuados, estando à cabeça os presidentes de câmara, com uma redução de 50% dos níveis actuais de retribuição...
8. Quanto aos empregados de entidades do sector público empresarial, cerca de 70.000, verão os seus salários reduzidos em 35%, ao mesmo tempo que serão eliminados TODOS os benefícios extra-salariais que correspondem actualmente a cerca de 3 meses de salário...
9. Enfim, por aqui me fico, aditando apenas o breve comentário de que tenho a noção de ser este o cenário que nos espera, se quisermos mesmo tomar em mãos a bandeira da renegociação e do adiamento do PAEF, da redução da dívida (para não falar do repúdio da mesma, tão querido do Bloco), etc,etc...
10. ...bandeira que o douto e inefável Conselho Económico e Social, para além dos habituais entusiastas da discussão do Sexo do Programa, parece ter abraçado com entusiasmo quase juvenil...
15 comentários:
Isso cá não vai acontecer, caro Tavares Moreira, porque, como de e saber matede disso é inconstitucional e a outra metade vai ao bolso do Cavaco e da Ferreira Leite. Logo, são todas impossíveis de serem decretadas.
Por José Vítor Malheiros
Texto publicado no jornal Público a 25 de Setembro de 2012
Devemos dinheiro a quem? E quanto? Quem o pediu e para quê? Onde está a lista das dívidas? Quem a certifica? Quem a auditou?
Sei que dívidas tenho. Tenho uma dívida a um banco, contraída para comprar a casa onde moro e garantida por uma hipoteca, que pago mensalmente. E tenho pequenas dívidas pontuais no meu cartão de crédito, que vou saldando conforme me convém.
[...]
Mas que dívida é esta? Para começar, quanto devemos exactamente e a quem? Alguém já viu a lista das dívidas? Quem a certificou? Quem a auditou? Quem são os credores? E devemos de quê? O que comprámos? O que pedimos emprestado? Em que condições? Quando? Quem pediu? Quem recebeu? Onde e quando? Para onde entrou o dinheiro? Para que serviu? Ainda podemos questionar se o dinheiro foi bem gasto ou não. Se serviu principalmente para encher os bolsos das empresas das PPP, da Soares da Costa, da Mota-Engil, do grupo Espírito Santo, do grupo JoséMello, se serviu para fazer estádios ou se serviu algum objectivo social meritório, mas antes disso eu gostava de saber se devemos mesmo, a quem, quanto e porquê. E não sei.
Não saber, caro Diogo? É simples, pergunte aos seus conterrâneos, eles é que votaram em quem assinou as dívidas. E olhe que não foi só uma vez e boa parte deles quer mais ainda.
Caro Tonibler,
Não deixo de concordar consigo que mais vale abordar estes temas pelo lado do humor...mas que estão a "pedi-las", parece mesmo que estão!
Caro Diogo,
Agora é que levantam essas interrogações? Santa ingenuidade!
E bem acertado o comentário do Tonibler, em especial a ponta final desse comentário!
«Relvas cria jobs para ex-autarcas
Vai nascer uma nova classe de dirigentes a nível intermunicipal. Serão mais de uma centena, remunerados.»
Portugal vai ao fundo assim ou assado. Despedir FP, cortar na saúde, na educação, nas ditas funçõe sociais, etc., vai dar ao mesmo que aumentar impostos.
Os efeitos económicos são, sensivelmente, os mesmos.
E onde andavam vocês, meus marmelos, quando há cerca de uma década o Cavaco escreveu o famoso artigo do Monstro?
E onde andaram vocês quando o sapo do Guterres fez o que fez?
E o que fez o Paulo Portas, que é o gajo que, a seguir ao Sócrates, mais tempo esteve num governo no século XXI?
É pá, vão lá ajudar os filhos da Jonet a fechar as torneiras quando lavam os dentes e desamparem a loja.
Este Tonibler, então, deve ter vivido em Marte: os outro sé que votaram, os outros é que gastaram, os outros é que dispuseram, os outros é que vivem acima das suas possibilidades... Se tu não fizeste parte desta merda, para que vens despejar para aqui as tuas lições de moral supostamente irónicas?
Foda-se, deves ter um trauma qualquer com o Reis!
E, ainda, qual é a deste Cavaleiro do Apocalipse?
Tens saudades do Burroso, do Arbusto e dos Asneiradas?
Há cada herói!!!
Caro tavares Moreira, pelo que leio no seu post, esses cortes no sector público grego sucedem a cortes igualmente violentos que já se realizaram anteriormente pelos vistos, se bem que com grande gritaria, também por lá se foi cumprindo a via sacra...E, por cá, se fizermos as contas ao que foi sucedendo nos ´ltimos anos no sector públicoe reformados, é capaz de não andar longe dos 35% só em cortes, sem aumento de impostos.
Cara Suzana,
Por cá também já temos a nossa conta,como lembra e bem, sucede que subsistem ainda muitas estruturas da Administração Pública onde existe uma margem enorme para racionalização de meios...admito (e espero sinceramente) que o extenso relatório a concluir até Fevereiro de 2013 identificando as zonas de poupança possíveis venha a projectar luz sobre a realidade a que me refiro.
Estou persuadido de que existe um grande número de organismos inúteis ou quase, ou redundantes, ao nível dos serviços integrados e autónomos, que não me espantaria que se viesse a descobrir não só não ser impossível como até menos complexo do que se pensará hoje, poupar os tais € 4 mil milhões em despesa pública...
...e, quem sabe, abrir espaço para no ano seguinte tornar possível a supressão da sobretaxa de 4% sobre o IRS...
É claro que a gritaria vai ser ensurdecedora, os serviços por mais inúteis que sejam pretenderão mostar, na rua e com todo o apoio militante da comunicação social a sua indispensabilidade para a preservação do bem comum...
E os comentadores de serviço, sempre os mesmos, pela décima milionésima vez vociferarão contra a maldita Austeridade e a necessidade de crescimento económico à base de ar fresco...
Malditos salários que estragam as contas todas...
Caro Carlos Monteiro,
Venda essa ao Bloco, que eles arrematam-na num ápice...é vibrante, criativa, muito inspiradora para os seus "outdoors" que começam a ficar um tanto monótonos, com a repetição da "lenga-lenga" do "delenda" Troika, do repúdio da dívida e pouco mais!
Sim, sim, caro Tavares Moreira, lembre-mo-nos: "Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português."
Caro Carlos Monteiro,
Mais uma achega muito inspiradora para passar ao Bloco! O meu Amigo está realmente com uma veia contestataria de fazer inveja a muito manifestante anti-Troika, anti-Austeridade, Anti-governo que por aí se têm movimentado com excepcional afã nas últimas semanas, hoje em particular...
Olhe que se eles descobrem, depois não lhe largam a porta!
Não tenho grande simpatia pelo bloco, mas dá-me a sensação que para além de terem umas costas muito largas, dão jeito para descreditar qualquer argumentário menos concordante...
Não tenho grande simpatia pelo bloco, mas dá-me a sensação que para além de terem umas costas muito largas, dão jeito para descreditar qualquer argumentário menos concordante...
Caro Carlos Monteiro,
Essa ideia das costas largas do Bloco parece novidade, não me tinha ainda apercebido. Quero crer que neste caso a utilização da expressão costas largas estará um tanto desfocada.
Não tenho a noção de que ao dito Bloco sejam imputadas mais responsabilidades do que as que lhe cabem no desconcerto geral do País - bem pelo contrário, acho que beneficiam de um grau de tolerância, por parte dos media seguramente acima da que é concedida aos demais partners...
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