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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Vedetismo e jornalismo

O modelo e o tom por Judite de Sousa, na entrevista ao 1º Ministro na TVI, consubstanciam o pior jornalismo de entrevista que é possível fazer.
Logo, porque a entrevistadora não queria ouvir ou não lhe interessava minimamente a resposta: ainda o entrevistado ia no início ou a meio da resposta, e logo era insistentemente  interrompido com pedido de comentário de muito pormenor, ou marginal ao tema, ou até é confrontado com uma mudança completa de assunto. O entrevistado ia resistindo, mas o respeito pelo ouvinte fazia com que não sobrepusesse a sua voz à da entrevistadora, todavia prejudicando o desenvolvimento do raciocínio e da resposta. Claro que, nestas circunstâncias, alguns temas ficaram a meio. Mas Judite deu prova de vida e isso é o mais importante. 
Depois, a insistência em questões já respondidas, buscando minudências no sentido de obter um título bombástico ou uma contradição: uma das questões foi colocada pelo menos por quatro vezes.
E ainda o ar de profundo convencimento pessoal, ao apresentar as questões com o beicinho fechado num tom definitivo de verdade única ou de evidência irrespondível.
Judite de Sousa quis ser mais uma vez a vedeta. No caso, vedetismo ridículo. Será certamente muito saudada na redacção.
PS: Muito mais sóbrio esteve Alberto Carvalho. Mas Judite também não lhe deu grandes possibilidades de questionar... 

13 comentários:

Diogo disse...

Em suma, uma excelente entrevista do 1º Ministro.

Parabéns pelo post, Pinhão Cardão.

Conservador disse...

O estilo de perguntar pode ser revisto em qualquer sala de um tribunal deste país.

"toing Toing Toing...e diz e rediz, (bámos lá senhô´dotor, já disse , a testemunha já disse), peing peing...e pedra, e cal, e cal e pedra, tira boi, mete báca...teing teing"

Joao Jardine disse...

Caro Pinho Cardão

Se não sabemos ouvir, como podemos saber entrevistar?
Depois, será que em Portugal não se acordam as regras de uma entrevista? Em qualquer país do norte da europa é o natural.
Cumprimentos
joão

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Gostei particularmente daquela parte em que Passos já pretende cooptar o pagamento do secundário e possivelmente do primário. Bem ao estilo do Salazarismo bafiento!
Um país instruído é um país inimigo das negociatas.

jotaC disse...

Estou de acordo com a apreciação feita à entrevistadora, aliás, sempre a considerei uma saloinha bonita com cérebro de silicone.
A entrevista que pretendeu ser abrangente às políticas seguidas pelo governo, precisava de entrevistadores que tocassem mais instrumentos, principalmente economia e finanças. Assim o PM esteve à vontade, mau grado ter-se distraído sobre a posição de Paulo Portas e sobre a negociação com a Grécia mas enfim, em breve o julgamento será feito...

Jorge Lucio disse...

À TSF o líder parlamentar do PSD diz que a entrevista foi "esclarecedora, revelando [o PM] coragem, determinação e ligação com a realidade". O CDS não comentou...

Na AR os deputados do PSD apressam-se a aprovar uma Declaração de Voto sobre o OE, de modo a poderem depois desculpar-se "pois, eu tinha dúvidas". O líder parlamentar do CDS critica ferozmente o OE...

É claro de há muito tempo que a Judite é tudo menos uma profissional de qualidade. Mas o que era mesmo bom era saber quem está com o Governo.

Massano Cardoso disse...

Eu também vi e ouvi. A Judite estava com um penteado muito giro e bem maquilhada. Uma nota muito interessante que me fazia esquecer as perguntas que fez. Mas ela fez perguntas?!

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Podia por exemplo ter pergundao sobre isto.
«Nunca os portugueses estiveram tão pessimistas. De acordo com o INE, a confiança dos consumidores atingiu, em novembro, mínimos de sempre. Pelo menos, desde que existem dados compilados.»
Poderia ter perguntado até quanto é que representava 140.000 novos desempregados se ainda estivessem a trabalhar para as receitas do estado.
Eu sei, eu sei, que não é o estado que queria riqueza e estou desse lado da barricada; não quero é um estado estúpido com aumentos de impostos para lá de Laffer que criam desconfiança e pobreza. Porque só um masoquista é que pode aumentar impostos neste patamar de taxas esperando aumento de receitas.

Unknown disse...

A determinada altura ainda pensei que Judite fosse dizer:
"Sr. 1º Ministro, temos de avançar, temos de avançar, que a seguir entra a novela!"

A comunicação social portuguesa., infelizmente, é parte do problema quando deveria ser parte da solução.
http://jornalismoassim.blogspot.pt/

Pinho Cardão disse...

Caríssimos:
Caro João Jardine:

Não sei se há regras, creio que são estabelecidas; só sei que o vedetismo nunca quer saber de regras. E, se fossem invocadas, quem as invocou seria condenado na praça pública.

Caro (c) P.A.S.:

Eu não critico as perguntas: façam as que lhe aprouver ou souberem. O que critico é fazerem-se perguntas, interromper e não deixar responder. Foi o que aconteceu. Entrevista n~~ao é para jornalista falar; se é, entrevistem-se uns aos outros.

Caro Jorge Lúcio:

Como reparou, eu não falei do conteúdo e do critério das perguntas e respostas. Limitei-me a fazer um reparo crítico sobre o modo de entrevistar.

Caro Prof. Massano:
Poids parece que sim, o único e exclusivo propósito da entrevistadora foi utilizar a entrevista e o 1º Ministro para se mostrar!...

Caro Murphy:
Tem toda a razão. Toda.
Mas, claro, quem ousa criticar um pouquinho que seja determinados critérios ditos jornalísticos, mas que nada têm a ver com isso, corre o risco de ser acusado de adepto da censura...
E logo pelos que mais censuraram.

Vítor Alves Pereira disse...

Caro Pinho Cardão,

Precisamente para descarregar alguma frustração à custa desse jornalismo de (quase) pensamento único que circula por aí, criei este blog..
http://jornalismoassim.blogspot.pt/

Cumprimentos.

jotaC disse...

Questões como esta é que deveriam ter sido colocadas ao PM, com toda a pertinência:

"Os pensionistas vão passar a pagar mais impostos do que outro qualquer tipo de rendimento, incluindo o de um salário de igual montante! Um atropelo fiscal inconstitucional, pois que o imposto pessoal é progressivo em função dos rendimentos do agregado familiar (artº 104º da CRP), mas não em função da situação ativa ou inativa do sujeito passivo e uma grosseira violação do princípio da igualdade (artº 13º da CRP).

Por exemplo, um reformado com uma pensão mensal de 2200 euros pagará mais 1045 € de impostos do que se estivesse a trabalhar com igual salário (já agora, em termos comparativos com 2009, este pensionista viu aumentado em 90% o montante dos seus impostos e taxas).

Tudo isto por causa de uma falaciosamente denominada “contribuição extraordinária de solidariedade” (CES), que começa em 3,5% e pode chegar aos 50%. Um tributo que incidirá exclusivamente sobre as pensões.

Aliás, a própria CES não é uma contribuição. É pura e simplesmente um imposto. Chamar-lhe contribuição é um ardil mentiroso. Uma contribuição ou taxa pressupõe uma contrapartida, tem uma natureza sinalagmática ou comutativa. Por isso, está ferida de uma outra inconstitucionalidade. É que o já citado atº 104 da CRP diz que o imposto sobre o rendimento pessoal é único."

Vale tudo, menos tirar olhos, mas só para já...

cioran disse...

Afinal, o pentado da judite até salvou o entrevistado, cada vez mais careca...