“Isso (evitar despedimentos) faz
parte da responsabilidade social do Grupo Volkswagen e portanto vamos fazer
todo o possível para que não aconteçam despedimentos.
António Melo Pires, Director-Geral da Auto
Europa, em entrevista ao DN de 24 de Novembro.
De facto, o despedimento deve ser a última
medida a tomar e apenas nos casos limite em que constitua o mal menor para
salvar postos de trabalho que, de outra forma, acabariam com a empresa.
Porque, nos outros casos, para além de revelar
profunda insensibilidade, nos antípodas da responsabilidade social da empresa, torna-se
geralmente numa medida desajustada em termos económicos, acabando por não servir nem a empresa, nem os seus accionistas.
Com efeito, estudos levados a cabo nos
Estados Unidos sobre o downsizing concluíram o seguinte:
a)
Passados 3 a 5 anos
sobre despedimentos colectivos, as empresas tinham geralmente reposto os
efectivos à data do despedimento.
b) Para o efeito, depois de terem suportado o ónus das
indemnizações, tiveram também que suportar os custos de formação referente às
novas admissões.
c) No período seguinte aos despedimentos, as empresas em causa
viram a sua imagem corporativa degradada e sofreram perdas significativas de
vendas, devido a uma reacção negativa dos consumidores.
d) No fim, as empresas terão ganho uma renovação do seu quadro
de pessoal, mas o benefício global não equilibrou os custos envolvidos.
A Volkswagen
sabe isso muito bem. Oxalá as empresas portuguesas saibam também distinguir dificuldades
conjunturais de problemas estruturais e não se deixem levar por facilitismos de
despedimentos, de benefícios futuros duvidosos, mas de custos certos no
presente. Custos materiais não recuperáveis para as empresas e dor profunda para
muita gente.
8 comentários:
Sugestão alternativa:
http://notaslivres.blogspot.com/2012/10/medida-3-divisao-distribuicao-do.html
«Oxalá as empresas portuguesas saibam também distinguir dificuldades conjunturais de problemas estruturais e não se deixem levar por facilitismos de despedimentos...»
Mas como é isto possível, caro Dr. Pinho Cardão, se vivemos numa alegre corrupção colectiva sem travão, portanto... sem decência?!
No caso da Auto Europa, ao que parece, tanto os trabalhadores como a administração têm compreendido, desde sempre, os desafios exigidos pela VW a todos para a continuação daquela empresa em Portugal...
Talvez a despropósito, gostaria de partilhar aqui. este vídeo, não tanto pela reflexão que impõe (essa já tem vindo a ser feita pela observação dos países emergentes), mas pela maneira simples de como em escassos 4 minutos se constrói um excelente projeto de comunicação, sobre uma matéria tão extensa...
Suponho que os mesmos princípios devem valer para o sector público...
Caro Pinho Cardão,
É tudo uma questão de urgência e de perspectiva. Qualquer pessoa pode pegar nos custos de despedir, que não são pequenos, e entender que não vale a pena face à perspectiva de negócio no futuro. O problema, e é esse que separa qualquer café da Autoeuropa, está exactamente na perspectiva...
Cara Suzana,
A perspectiva de necessidade de 700 mil funcionários públicos nos próximos 50 anos é nula. Mas mesmo que assim não fosse e hoje só pudéssemos pagar 350 mil, é muito simples. Passam-se os ordenados de todos para metade. Assim já podemos guardar os 700 mil. O bom de serem servidores do estado é isso, o estado precisa e eles servem, não é?
Dr. Pinho Cardão
Temos muitas empresas que estão, por exemplo, a fazer parcerias em paises estrangeiros para aí colocarem os seus colaboradores. É uma forma inteligente de segurar o capital humano, também ele necessário ao futuro das empresas.
Concordo consigo, caro Tonibler.
A questão está na perspectiva.
E há quem perspective e há quem não.
E quem procure medir os efeitos e quem não.
O que não significa que não possa haver erros de perspectiva ou virtudes inesperadas em não a ter.
De qualquer forma, prefiro os que perspectivam.
Caro Pinho Cardão
A escala conta e os efeitos, dos despedimentos, nos EUA são diferentes dos que sucederiam, por exemplo, na Dinamarca. Não é por acaso que, neste país, desenvolveram a flexisegurança.
Isto de ser um país que tem a população de uma grande cidade é uma escala diferente, por isso, além da perspectiva, como indica o Caro Tonibler, também há a escala. Por isso e também nisso, um café e a Autoeuropa é uma questão de escala.
Caro Tonibler
No passado, como rezam as estórias, também também vivemos sem Estado. Foi na Idade Média e, pelo que deixaram para a posteridade não viviam nada mal. Basta ver a quantidade de catedrais, financiadas com dinheiro privado, que se construíram.
Tenho, no entanto, algumas dúvidas que a maioria dos nossos concidadãos queiram "voltar" a esses tempos áureos.
Nesse sentido, para os próximos cinquenta anos, estado e os funcionários públicos será uma questão de cultura e de modelo de sociedade. Temo, que mesmo em termos de perspectiva, a mesma seja o contrário de nula.
( A proposito, os funcionários já são menos de 560 mil, mesmo contando, com os primos: os das empresas cujo acionista é o estado).
Cumprimentos
joão
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