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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Um voto para a Europa: regresso a uma visão de longo prazo

Vale a pena ler o discurso  sobre a Europa, de Martin Schulz, Presidente do Parlamento Europeu, proferido em Berlim, em 9 de novembro de 2012, no qual propõe o "Regresso a uma visão de longo prazo". Apesar de uma visão algo literária, e até romântica, sobre as motivações da criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço e o desenvolvimento da união europeia, muito mais determinada pela necessidade de sobrevivência e interdependência económica do que pela amizade e fraternidade, o facto é que é necessário revisitar a História para que se possa enfrentar o futuro. É muito importante rever este acidentado percurso, lembrar as suas dificuldades e atos de coragem. Sobretudo, esta breve visão retrospetiva evidencia que a paz, a liberdade, a democracia e a protecção social não foram evidências nem privilégios, mas necessidades de sobrevivência dos países europeus e do seu desenvolvimento.Como aí se diz, esse olhar demonstra que "a História da Alemanha e a História da Europa são tão indissociáveis como o são o futuro da Alemanha e o futuro da Europa". É também muito interessante a relevância que se dá à Polónia no âmbito europeu, não só como a economia mais dinâmica mas também enquanto "representante dos Estados da Europa Oriental e Central", essa metade do continente que viveu décadas virada de costas para a metade em que nos reconhecemos. Essa perspetiva de longo prazo é prejudicada, segundo MS, pelo imediatismo mediático, incompatível com o tempo de decisão político, com a complexidade dos temas e com os processos democráticos. O caso do futuro do estado providência merece destaque: "A geração do pós-guerra dedicou-se com grande clarividência à construção de um Estado social, para garantir a paz social e estabilizar as jovens democracias. Nós, seus herdeiros, não podemos, numa atitude de obediência precipitada, submeter-nos ao "diktat dos mercados" e aniquilar esta grande conquista europeia. Fazer uma política de longo prazo significa ter em conta as consequências a longo prazo das decisões políticas e não perder de vista, na política quotidiana, a estabilidade a longo prazo das nossas sociedades e das nossas democracias."

5 comentários:

Bartolomeu disse...

Em minha opinião, cara Drª Suzana Toscano, antes de estabelecer e projectar metas e objectivos a longo prazo e para que os mesmos possam ser bem sucedidos, é imperioso que em primeiro lugar, a União Europeia, encontre as soluções adequados para os problemas actuais que a debilitam e desestabilizam.

Suzana Toscano disse...

Caro Bartolomeu, será bem difícil resolver esses problemas sem saber o que se pretende para o futuro, deve ser precisamente essa a dificuldade, não andar para trás, perdendo-se o que foi alcançado, e não comprometer demasiado o futuro de modo a que possa sempre escolher-se um outro caminho qualquer...

manuel.m disse...

É mais ou menos como ir escolher tecidos para os novos cortinados enquanto a casa arde...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
Vale muito a pena ler, sem dúvida, porque nos oferece uma viagem pela História da Europa recente e nos alerta para o perigo da acção política se concentrar no curto prazo em lugar de lutar e defender o longo prazo, os objectivos e os desejos que uniram os povos da Europa no projecto europeu. É bem verdade que a política está hoje em dia sujeita ao ritmo da sociedade mediática globalizada e à pressão dos mercados. A acção política é hoje em dia comandada pelas soluções de curto prazo, colocando em segundo ou terceiro planos a perspectiva de longo prazo, esquecendo o sentido estratégico da União Europeia. Martin Schulz chama a atenção para a necessidade do retorno ao longo prazo. Para tal a primazia da política tem de novo que se impor. Depois de ler este discurso fica-me ainda mais a sensação de que há um sentido de urgência em mudar de caminho, mas fica-me um certo sabor amargo por não estar a ver como vai ser feito, por quem pode ser feito.

Bartolomeu disse...

Minhas caras Senhoras, Drª Suzana e Drª. Margarida, se existisse o "Sermão da Montanha-2" estou certo que o mesmo não seria o proferido pela Senhora Dorothea Merkel, ou por qualquer outro conhecido leader de um país da Europa Unida.
Se fosse possível existir uma segunda versão do "Sermão da Montanha" seria muito provávelmente, esta:
http://www.youtube.com/watch?v=Lr-MXw5UDCk&noredirect=1

Comparo esta matéria da necessidade de a Europa encontrar uma forma de se reunificar, de se repensar e projectar a longo prazo, sem previamente sarar as feridas internas de que padece, a um atleta de alta competição que sofra de problemas musculares e deseje competir nos jogos olímpicos de 2016, sem os resolver.