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quinta-feira, 28 de maio de 2009

O voto compulsivo e a desresponsabilização dos políticos

Intriga-me porque é que em Portugal sempre foram poucas e pouco audíveis as vozes que reclamaram pelo voto obrigatório, sendo tantos os que concordam com a imposição de limites à liberdade de expressão política e em especial à liberdade de escolha pelos eleitores, de que o exemplo mais evidente é a limitação dos mandatos dos que são escolhidos pelo povo.
Pois apareceu Carlos César a defender, abertamente, o voto obrigatório. Gabo-lhe pelo menos a franqueza de confessar que, para si, a liberdade política é relativa. O silogismo que desenvolve está, porém e a meu ver, profundamente errado. Diz César que o voto compulsivo é necessário para aumentar a responsabilidade dos políticos. Eu penso exactamente o contrário. O voto obrigatório e a abstenção sancionada são as formas mais acabadas de desresponsabilização dos políticos. Não custa a perceber porquê. É que assim desoneram-se do dever de extraír as consequências da recusa massiva do voto.
Veremos isso muito em breve...

9 comentários:

Bartolomeu disse...

A César o que a César conviria!!!
Isséquera!!!
E o lápis azulinho, não!?
Se o marialva defendesse a criação de um serviço público, popular, isento, esclarecedor da objectividade e da utilidade do voto nas suas diferentes objectividades, receberia o meu voto nesta defesa.

Tonibler disse...

Claro, não só o eleitor é obrigado a levar com a porcaria de políticos que tem resultante do proteccionismo partidário como, no fim do dia, ainda devia ser obrigado a validá-los pelo voto. Até admira como é que não se lembrou de penalizar com a morte a abstenção do plebeu.

Fartinho da Silva disse...

César tem toda a razão! Para os socialistas, o eleitor tem como obrigação escolher (dentro do universo socialista) quem lhe vai vender a banha da cobra...!

João Pereira da Silva disse...

Nunca entrei em manifestações contra o que fosse. Mas se tentarem avançar com o voto obrigatório, irei para a rua.
Querem o meu voto? Mostrem que são merecedores. Não o sendo, deixem-me a liberdade de não votar.

jotaC disse...

Peço desculpa ao caro Drº Ferreira de Almeida e também aos comentadores que me antecedem mas não estou a ver muito de grave ou pernicioso para o sistema democrático a pretensão de César. O princípio -um homem um voto-, se calhar, evitava aquela abstenção absurda que verificámos tanto em Portugal como no resto da Europa. Não compreendo aqueles cidadãos que se eximem ao voto, justificando-se por isto ou por aquilo, mas depois usufruem ou são vítimas das decisões do resto da sociedade. Não faz sentido!
Posto isto, não me repugna nada ser “obrigado” a votar, em quem eu bem quiser, até em branco!

Anónimo disse...

Respeitável, meu caro jotaC, a sua opinião, como aliás a de Carlos César.
Eu não acredito na participação política por imposição. E quero ter a liberdade de não escolher contra o sistema (votando em branco) ou, se chegar a esse ponto, "expressar-me" contra o regime, abstendo-me.
Mas é sobretudo mau sinal quando políticos com algum peso reclamam para a democracia que o voto livre comece por ser um voto por obrigação legal...

Adriano Volframista disse...

Caro JMFAlmeida

Esta é uma das propostas à portuguesa: formula-se pela metade, para conseguir o efeito desejado de por toda a genta a falar e a opinar sobre o que não sabe, mas pensa que sabe.
Conseguimos bons momentos de achismo nacional.
Factos:
Nos países, europeus, onde o voto é obrigatório, a abstenção não aumenta acima do patamar dos 30/35% do eleitorado, mas também não diminui abaixo dos 20/25%.
Aplicado a Portugal, os seus efeitos seriam sentidos, com maior intensidade, nas eleições europeias e nos referendos.
Nos países europeus, a sanção pela falta injustificada, é pecuniária.
Aplicado a Portugal, e tendo em conta a nossa capacidade de "fazer cumprir a lei",, estaríamos duas eleições (europeias) depois a cobrar as faltas da primeira eleição, isto é dez anos após a falta ser cometida, estaríamos a cobrar aos faltosos.
Se se recordar do êxito das multas por infracções de tráfico, não é necessário continuar.
Como vê, é uma daquelas "boutades" que aplicadas, contribuem para o "cargo cult" nacional.
Cumprimentos
João

Anónimo disse...

Boas achegas, meu caro joao. Obrigado pelo contributo.

Luis Melo disse...

Quando Manuela Ferreira Leite gracejou a propósito de suspender a democracia, para colocar o país nos eixos, caiu o Carmo e a Trindade.

Carlos César, presidente de um Governo regional e membro do Conselho de Estado, diz uma barbaridade destas, e... não ouço nada...